
"Ele [Trump] chama-lhe o 'Dia da Libertação' em relação aos Estados Unidos. Considero que neste momento devemos decidir juntos tomar o nosso destino nas nossas próprias mãos e penso que será uma caminhada na direção da independência", disse a responsável, numa entrevista à rádio France Inter.
Depois das tarifas de 25% dos Estados Unidos sobre o alumínio e o aço europeus, já em vigor, seguem-se a partir de quarta-feira as aplicadas ao setor automóvel. Trump deverá avançar com as chamadas taxas alfandegárias recíprocas, visando países que ativaram tarifas idênticas sobre bens e serviços dos Estados Unidos.
"Para nos colocarmos numa boa posição de negociação, precisamos de mostrar que não estamos prontos para desistir", disse Christine Lagarde, enquanto a União Europeia prepara a sua resposta às taxas alfandegárias dos EUA.
Segundo o BCE, a zona do euro poderá ver seu PIB reduzido em 0,3% devido à guerra comercial de Donald Trump e em 0,5% no caso de uma resposta europeia, no primeiro ano.
"Uma guerra comercial só cria perdedores", insistiu Christine Lagarde.
Sobre a inflação, a presidente do BCE foi cautelosa devido ao risco inflacionário das taxas alfandegárias: "Infelizmente, estamos sujeitos a muitas incertezas e quando Trump decide de repente aumentar as taxas em 25% no setor automóvel ou decide sobre a reciprocidade que será aplicada a partir de 02 de abril, isso necessariamente leva a mudanças".
No domingo, um porta-voz europeu disse que a Comissão Europeia estava preparada para responder de forma bem equilibrada a qualquer medida dos EUA contra os interesses económicos da União Europeia, mas defendeu que a prioridade é procurar uma solução negociada.
O executivo europeu, que é responsável pela política comercial da UE, está a preparar "uma resposta firme, proporcional, forte, bem equilibrada e atempada a quaisquer medidas injustas e contraproducentes dos Estados Unidos", afirmou o porta-voz da Comissão Europeia para o Comércio, Olof Gill.
A Comissão Europeia tinha inicialmente definido o início de abril para começar a implementar tarifas graduais sobre as importações de produtos dos EUA avaliadas em 26 mil milhões de euros, em resposta às taxas dos EUA sobre as exportações de aço e alumínio europeus. Na terça-feira, deveria ser aplicada uma tarifa a produtos no valor de 4,5 mil milhões de euros e, até 13 de abril, a mais 18 mil milhões de euros.
Em relação à lista final de produtos dos EUA para os quais a UE irá propor contramedidas em resposta às tarifas de Washington, Gill observou simplesmente que será "bem escolhida para criar o máximo impacto nos EUA e minimizar a repercussão na economia europeia".
"É uma escolha que teremos de fazer de forma muito criteriosa e cuidadosa", enfatizou Gill, após uma consulta com as partes interessadas e os Estados-Membros.
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