O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, considerou o uso pela Ucrânia de mísseis de longo alcance de fabrico norte-americano como um sinal de que o Ocidente quer escalar o conflito.
"O facto de terem sido usados [mísseis] ATACMS repetidamente esta noite na região de Briansk é um claro sinal de que eles [Ocidente] querem uma escalada. Sem os americanos, é impossível usar esses mísseis de alta tecnologia, como disse já várias vezes Putin", considerou Lavrov em conferência de imprensa, citado pela agência noticiosa russa TASS.
Moscovo anunciou hoje alterações na sua doutrina nuclear. E os critérios que, segundo o Kremlin, justificariam o uso destas armas em contexto bélico passaram a ser mais abrangentes: para Moscovo, quaisquer ataques a território russo com mísseis ou outros aparelhos aéreos convencionais passam a justificar o uso de armas nucleares desde que os ataques sofridos sejam apoiados por uma potência também nuclear.
No Rio de Janeiro, Brasil, onde se encontra a propósito da cimeira do G20, Lavrov disse que a natureza das armas utilizadas não é o ponto mais importante, mas sim o aumento do território russo passível de ser atacado.
"Não se trata de uma aprovação para a Ucrânia usar mísseis de longo alcance. É apenas um anúncio de que agora atingirão até 300 quilómetros" do território russo, disse Lavrov, acrescentando que Moscovo já tinha alertado o Ocidente sobre possíveis consequências no caso de permitirem armas com alcances desta magnitude.
A Ucrânia procedeu, na madrugada desta terça-feira, 19 de novembro, ao primeiro ataque a território russo com mísseis de longo alcance ATACMS, de fabrico norte-americano. "O ataque foi efetuado a instalações militares na região de Briansk, e foi bem sucedido", disse fonte militar de Kiev à agência noticiosa ucraniana RBC.
O ministério da Defesa russo, por sua vez, confirmou o ataque ucraniano com seis mísseis ATACMS, tendo sido interceptados cinco e um danificado. Destroços desse míssil acabaram por cair, e incendiar-se, na "parte técnica" das instalações militares que, segundo a Ucrânia, albergavam munições e armas.