
A Câmara de Representantes norte-americana adotou esta terça-feira legislação orçamental provisória que afasta até setembro a perspetiva de paralisia do governo e financia agências federais, mas que terá ainda de passar no Senado.
O texto, aprovado na câmara baixa do Congresso, de maioria republicana, com 217 votos a favor (dos quais um democrata) e 213 votos contra, será agora submetido a votação no Senado.
Na câmara alta do Congresso, o texto necessitará de apoio bipartidário para que o projeto de lei seja enviado ao Presidente Donald Trump para promulgação.
Para evitar a paralisação do governo (conhecida como "shutdown"), que Trump quer evitar, precisará no Senado do apoio de pelo menos oito democratas.
Este será um dos maiores testes legislativos até agora do segundo mandato do Presidente republicano, o que levou o vice-Presidente JD Vance a angariar apoios no Capitólio durante o dia de hoje.
Perante o risco de alguns republicanos votarem contra o projeto de lei e provocarem o fracasso da iniciativa legislativa, Donald Trump envolveu-se pessoalmente e telefonou a possíveis opositores.
Antes da votação de hoje, Mike Johnson, líder dos republicanos na Câmara dos Representantes, apelou aos democratas para que fossem "responsáveis" e votassem a favor da proposta.
O líder da minoria democrata na câmara baixa, Hakeem Jeffries, tinha afirmado que nenhum congressista do partido votaria a favor do texto, descrito como um ataque "aos veteranos, aos idosos e às famílias", devido aos cortes previstos em certas despesas públicas.
Após a votação, Mike Johnson denunciou num comunicado de imprensa o facto de, na sua opinião, os democratas estarem "prontos a jogar com o tempo sobre o financiamento do governo, numa tentativa vã de bloquear o programa 'América Primeiro' de Donald Trump".
Os queda dos índices bolsistas e o aumento dos receios de recessão tornaram ainda mais urgente para Donald Trump evitar uma paralisação do governo federal.
Se o Congresso não aprovar o texto, centenas de milhares de funcionários públicos ficarão a trabalhar a tempo reduzido e sem remuneração. O tráfego aéreo será interrompido, tal como o pagamento de certas ajudas alimentares a famílias com baixos rendimentos, entre outras consequências.
No seu primeiro mandato, Trump enfrentou uma paralisação parcial do governo federal durante 35 dias, numa disputa com os democratas sobre o financiamento da construção do muro na fronteira com o México.
Congressistas republicanos e democratas trocaram acusações antes da votação de hoje.
"Os democratas odeiam tanto o que o Presidente Trump apoia e o que o povo americano apoia que estão dispostos a paralisar o nosso governo", disse a republicana Lisa McClain numa conferência de imprensa.
A democrata Rosa DeLauro denunciou um projeto de lei que "vai prejudicar os americanos que trabalham arduamente", nomeadamente na questão da habitação.
"Este cheque em branco ao bilionário não eleito Elon Musk não consegue baixar o custo da habitação e, em vez disso, corta mais de 700 milhões de dólares em subsídios de arrendamento para os americanos com baixos rendimentos e trabalhadores", afirmou em comunicado.
O risco de paralisia orçamental surge num contexto de cortes na despesa pública dos EUA, liderados por Elon Musk, agora conselheiro de Trump.
O homem mais rico do mundo, presidente da Tesla e da SpaceX, tornou-se um aliado e grande apoiante financeiro de Donald Trump durante a campanha de 2024.
À frente de um departamento de eficiência governamental (DOGE, na sigla em inglês), Musk começou a desmantelar várias agências governamentais, que acusa de fraude e de gestão dispendiosa, e a despedir dezenas de milhares de funcionários públicos.
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