
"Tudo será feito para nos impedir de chegar ao poder", afirmou Jordan Bardella a um canal de televisão, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Um tribunal de Paris condenou na segunda-feira Marine Le Pen por desvio de fundos no Parlamento Europeu a uma pena que a impede de ser a candidata da extrema-direita nas presidenciais previstas para 2027.
Le Pen, de 56 anos, anunciou que vai recorrer da decisão do tribunal, que a condenou também a quatro anos de prisão, dois com pena suspensa e dois com pulseira eletrónica.
Bardella estabeleceu um paralelo entre o clima político em França e na Roménia, onde o candidato de extrema-direita pró-Rússia foi privado de uma potencial vitória devido à anulação das eleições presidenciais.
O líder da União Nacional (RN) anunciou que o partido vai distribuir no fim de semana panfletos sobre a situação e organizar mobilizações pacíficas: "não somos fascistas (...), somos pessoas razoáveis".
Na sequência da decisão de inelegibilidade por cinco anos, o RN anunciou que vai organizar hoje uma contraofensiva política e mediática para exigir uma decisão rápida sobre o recurso para que Le Pen possa candidatar-se às presidenciais.
"Estamos totalmente inocentes neste caso e, apesar disso, milhões e milhões de franceses estão a ser privados da sua candidata natural e legítima às eleições presidenciais", disse.
Bardella, de 29 anos, poderá ser o candidato presidencial do partido se o tribunal de recurso não anular a decisão.
O dirigente do RN prometeu "lealdade total" a Marine Le Pen, alegando ter para com a líder da extrema-direita "uma dívida de gratidão".
O tribunal condenou Le Pen por desvio de fundos públicos, depois de ter concluído que, entre 2004 e 2016, o RN usou dinheiro do Parlamento Europeu para pagar aos assistentes dos eurodeputados do partido.
A vitimização tem sido uma das características de Le Pen ao longo de quase 30 anos de carreira política, durante os quais expôs tanto os reveses como a capacidade, até agora, de os ultrapassar, de acordo com a AFP.
Na segunda-feira à noite, Le Pen denunciou no canal TF1 uma "decisão política" da justiça, "um dia desastroso" para a democracia francesa e "práticas consideradas próprias de regimes autoritários".
Vinte e três outras pessoas foram condenadas, bem como o partido Frente Nacional (FN, atual RN).
O montante total desviado foi de 4,4 milhões de euros, dos quais 1,1 milhões de euros já foram reembolsados.
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