Mais de 100 operacionais de todas as corporações de bombeiros da Madeira, apoiados por 37 veículos, estão a combater as três frentes ativas do incêndio que deflagrou na quarta-feira, indicou este sábado o secretário regional da Proteção Civil, que também anunciou que já foi ativado o Plano Regional de Emergência. Entretanto, o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, decidiu interromper as suas férias em Porto Santo e chegou este sábado à noite ao Funchal.
“Tudo depende de circunstâncias que não controlamos”, disse Albuquerque no Curral das Freiras para onde se dirigiu de forma a acompanhar a situação, seguindo depois para a zona da Serra de Água.
Garantido que tem “acompanhado o incêndio desde que começou” na quarta-feira, o presidente do Governo Regional oscilou entre a relativização da situação e a preocupação com a orientação do vento. “Temos os veículos e a tecnologia adequada. Estamos preparados, não é o primeiro incêndio que temos”, garantiu, explicando que “se o vento continuar a evoluir para norte há mais possibilidades de contenção do fogo” de forma a não evoluir para zonas urbanas.
Segundo o governante madeirense, este foi “fogo posto numa zona alta em mato”, na Serra de Água, numa zona de difícil acesso. “O que temos constatado todos os anos é que temos tido casos de fogo posto que são recorrentes”, apontou Albuquerque, explicando que o fogo é posto através da colocação de “velas baixas” acesas. “Graças à intervenção do helicóptero, nos últimos anos temos conseguido cessar o fogo na fase inicial”, acrescentou Albuquerque. Contudo, neste incêndio, isso não foi conseguido.
Antes, ao fim da tarde, em conferência de imprensa nas instalações do Serviço Regional de Proteção Civil, no Funchal, Pedro Ramos precisou que estão também no terreno, além de 108 bombeiros, 21 elementos do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza, quatro operacionais da GNR e oito viaturas, assim como 11 agentes da PSP apoiados por oito viaturas.
Fazendo um ponto de situação do incêndio, que começou na quarta-feira de manhã no concelho da Ribeira Brava e alastrou no dia seguinte ao município vizinho de Câmara de Lobos, o governante informou que atualmente estão três frentes ativas: Jardim da Serra, Curral das Freiras e Encumeada.
O fogo está a lavrar na zona da Encumeada (Ribeira Brava), onde já foram retiradas ao final da tarde de hoje cerca de 60 moradores das suas habitações, incluindo pessoas com mobilidade reduzida e acamadas que serão acolhidas no centro de saúde daquele município, disse.
No concelho de Câmara de Lobos - que já ativou o plano de emergência municipal - também foram retiradas cerca de 50 famílias das suas casas, na freguesia do Curral das Freiras, na madrugada de hoje, e numa localidade da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos cerca de 60, durante a tarde.
De acordo com o secretário regional de Saúde e Proteção Civil, os cerca de 80 elementos da Força Operacional Conjunta da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil chegam do continente às 00h.
O Governo da República disponibilizou na sexta-feira à noite apoio para o combate ao incêndio, mas o executivo madeirense considerou não ser necessário, argumentando que lavrava sobretudo em zonas de difícil acesso. Este sábado, às 13h, o secretário regional reiterava, em declarações aos jornalistas, que não era necessária a ajuda do continente, apontando que a região não tinha esgotado a sua capacidade.
Questionado sobre a mudança de posição cerca de duas horas depois destas declarações, Pedro Ramos justificou com a "evolução da situação" e com as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) que "não são as melhores". Além disso, apontou, os meios no terreno são agora "praticamente o dobro" face aos que estavam na operação aquela hora.
"Este incêndio tem-se mostrado muito desafiante", salientou o responsável, destacando o facto de lavrar em zonas inacessíveis e as condições meteorológicas que têm afetado o combate, nomeadamente por parte helicóptero afeto ao Serviço Regional de Proteção Civil que nem sempre tem conseguido operar.
De acordo com Pedro Ramos, o Governo Regional dos Açores está disponível para enviar entre 15 a 20 operacionais para ajudar no combate às chamas, mas neste momento não são necessários.
O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, interrompeu hoje as férias, na ilha do Porto Santo, e chega à Madeira esta noite, deslocando-se ao posto de Comando do Curral das Freiras para se inteirar do combate aos incêndios naquela freguesia do concelho de Câmara de Lobos, de acordo com uma nota enviada pelo gabinete da presidência.
O centro de saúde do Curral das Freiras está aberto devido ao incêndio e já atendeu seis pessoas, uma das quais transferida para o hospital do Funchal por problemas respiratórios.
O acesso à freguesia foi condicionado.
O Serviço Regional de Saúde ativou também uma linha de atendimento psicológico, às 12h, não tendo ainda registado solicitações, adiantou Pedro Ramos.
Nota: notícia atualizada às 23h30 com declarações de Miguel Albuquerque