O Ministério da Administração Interna (MAI) diz desconhecer a versão do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2024 que continha um capítulo sobre extremismos. É a resposta ao pedido de esclarecimentos do Bloco de Esquerda (BE) sobre a omissão dessa secção.

O gabinete de Margarida Blasco garante desconhecer “em absoluto a existência de qualquer outra versão (…)" e diz que a única verão existente foi a aprovada pelo Conselho Superior de Segurança Interna.

O MAI sublinha que não está "em condições de se pronunciar mais em detalhe sobre matéria que não é da sua competência".

Na terça-feira, vai ser debatido um requerimento do Bloco de Esquerda para que se realize no Parlamento um debate sobre o RASI, com a presença do Governo.

O BE pediu esclarecimentos o MAI sobre o desaparecimento do capítulo dedicado a organizações extremistas depois do relatório ter sido enviado para a Assembleia da República.

Que capítulo é este em falta?

A versão final do RASI não contém o capítulo 'Extremismos e Ameaças Híbridas', que correspondia as páginas 35 a 29 na versão preliminar.

De acordo com o Bloco de Esquerda, a seção que não consta no documento final, revelava "a presença em Portugal de um 'chapter' de uma organização extremista internacional que, embora não esteja classificada na lista de organizações terroristas da União Europeia, já terá sido alvo de sanções financeiras noutros países devido ao incitamento e financiamento do terrorismo".

Ainda segundo a versão preliminar do RASI, essa organização, cujo nome não era referido, "realiza eventos internacionais, como encontros musicais, que se tornam locais de radicalização, recrutamento e financiamento das suas atividades, incluindo a produção de propaganda".

O "capítulo amputado" mencionaria ainda, de acordo com Mariana Mortágua, "'influencers' de extrema-direita e a sua promoção da violência contra mulheres".