A maioria dos portugueses inquiridos não ficou satisfeita com as explicações de Luís Montenegro, após a polémica que atingiu o primeiro-ministro. É isso que aponta uma sondagem do ICS/ISCTE para a SIC e o Expresso. O estudo de opinião revela também que a maior parte acha que as eleições podiam ter sido antecipadas e são tantos os que põe as culpas da crise no Governo como os que as põem na oposição.

Quando questionado se os esclarecimentos prestados após a controvérsia com a empresa familiar do primeiro-ministro foram suficientes, 64% responde que “ficaram coisas por esclarecer”, enquanto apenas 23% considera que Luís Montenegro prestou todos os esclarecimentos necessários. Os restantes 13% dizem que não sabem ou recusam responder.

Mas mais ainda do que aqueles que não se mostram esclarecidos, são aqueles que acham que as eleições antecipadas poderiam ter sido evitadas. É uma larga maioria – 77% - aquela que afirma que as eleições eram evitáveis, contra os apenas 18% que acham que voltar a ir a votos era inevitável. Há ainda 4% que não sabe ou não responde.

Quem tem culpa? O Governo... e a oposição

Já quando se pretende averiguar a responsabilidade pela atual crise política, são tantos os que atribuem as culpas ao Governo como os que as atribuem à oposição. São 37% os que respondem que a responsabilidade pela crise é “mais do governo”, exatamente a mesma percentagem daqueles que respondem que é “mais de alguns partidos da oposição. É entre os mais jovens e, sobretudo, os eleitores que se posicionam à esquerda (60%, contra 27% dos eleitores de direita) que mais se encontra quem defende que a culpa foi do Governo.

ainda 19% dos inquiridos a atribuir igual responsabilidade a ambas as partes, sendo residual o número de pessoas que acham que a culpa não foi de nenhum – apenas 1%.

A sondagem do ICS/ISCTE para a SIC e o Expresso procurou ainda saber se a opinião dos portugueses acerca de Luís Montenegro se alterou após a polémica e que avaliação fazem do atual governo.

Como fica a opinião sobre Montenegro após a polémica?

Só 5% ficou com melhor impressão de Montenegro após este caso. Mais de metade dos inquiridos (52%) responde que a opinião ficou na mesma. Seguem-se aqueles cuja opinião sobre o chefe de Governo piorou: 39%.

Quem ficou a pensar pior de Luís Montenegro são, principalmente, jovens (51%), homens (43%) e com maior nível de instrução (44% com o ensino secundário e 45% com o ensino superior. É também uma opinião muito mais frequente entre os eleitores que se posicionam como de esquerda (56%), do que os de centro (41%), e ainda mais rara entre quem se identifica como de direita (28%).

Já quanto à avaliação do desempenho do atual governo,o pouco mais os que fazem uma apreciação positiva - 47% responde “bom” ou “muito bom” - do que os que o avaliam de forma negativa – 43% considera que é “mau” ou “muito mau”. Os restantes 10% não sabem ou não respondem.

Ficha Técnica:

Este relatório baseia-se numa sondagem telefónica cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 12 e 17 de março de 2025. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do Iscte - Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfKMetris. O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal. Os números fixos, cerca de 33% do total, foram extraídos aleatoriamente, proporcionalmente à distribuição por prefixos no território. Os números móveis, cerca de 66% do total, foram extraídos aleatoriamente, proporcionalmente à distribuição por operadoras. Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis Sexo, Idade (3 grupos), Instrução (3 grupos) e Região (9 Regiões NUTS II 2024). A informação foi recolhida através de entrevista telefónica, pelo sistema CATI (ComputerAssistedTelephoneInterviewing). Foram contactados 5397 números de telefone elegíveis (correspondentes a indivíduos pertencentes ao universo) e obtidas 802 entrevistas válidas (taxa de resposta de 15%, taxa de cooperação de 22%). O trabalho de campo foi realizado por 31 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós-estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses com 18 ou mais anos residentes em Portugal, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda 11). A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 802 inquiridos é de +/- 3,5%, com um nível de confiança de 95%.