Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o Uganda, que é o país africano que mais refugiados acolhe, está a "assistir a um aumento acentuado do número de deslocados congoleses que atravessam a sua fronteira ocidental devido ao aumento da insegurança no leste do país".

"Desde janeiro, mais de 41.000 congoleses procuraram segurança no Uganda, elevando o número total de congoleses no país para cerca de 600.000", de entre os 1,8 milhões de refugiados atualmente acolhidos nesta nação. Nas últimas duas semanas, uma média de 600 pessoas têm entrado diariamente no país, indicou o ACNUR em comunicado.

Segundo o ACNUR, os recém-chegados, na maioria mulheres e crianças, estão a entrar no Uganda através de três pontos principais: Bunagana, no distrito de Kisoro, Butogota, em Kanungu e Sebagoro, em Kikuube.

"As crianças são particularmente afetadas, pois muitas chegam num estado debilitado, devido à elevada prevalência de malária e de desnutrição", indicou.

"Desde janeiro, cerca de nove crianças com menos de 5 anos morreram de anemia relacionada com a malnutrição nos centros de trânsito de Nyakabande e Matanda, no sudoeste do país", lamentou.

De acordo com a agência da ONU, a escassez crítica de água, latrinas e instalações balneares, em especial nos centros de trânsito de Matanda e Nyakabande, está a colocar as pessoas em risco de contrair doenças mortais.

Todavia, frisou, no contexto de cortes de financiamento internacional em curso, este aumento significativo de chegadas de refugiados pode sobrecarregar o Uganda, que também responde às necessidades de mais de 70.000 refugiados sudaneses que fugiram da guerra, que dura há dois anos.

A milícia Movimento 23 de Março (M23), alegadamente apoiada pelo regime ruandês, controla atualmente as capitais das províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul, que fazem fronteira com o Ruanda e são ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.

A RDCongo - nação vizinha de Angola - e o Ruanda fornecem juntos cerca de metade do coltan do mundo, um mineral essencial para o fabrico de telefones e outros aparelhos eletrónicos.

Em particular, o tântalo - extraído do coltan - e o cobalto são minerais fundamentais utilizados por gigantes da tecnologia como a Apple, a HP e a Intel.

 

NYC // JMC

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