
Marcelo Rebelo de Sousa falava à RTP por volta das 19:00 locais (menos uma hora em Lisboa), em Roma, onde vai marcar presença nas cerimónias fúnebres do Papa Francisco, que morreu na segunda-feira, aos 88 anos.
O chefe de Estado português afirmou que o Papa, mesmo "doente nos últimos dois meses e meio", exercia "em plenitude" as suas funções, e "deixou um traço único, único, que vai durar muito tempo e que torna muito difícil naturalmente a escolha do sucessor".
Marcelo Rebelo de Sousa disse sentir "desgosto" pela morte do Papa, sentimento que considera que irá perdurar "durante um tempo, porque é de facto uma grande, grande perda, mesmo pessoal, mas sobretudo a nível nacional, de relações com Portugal".
O Presidente português defendeu que o líder da Igreja Católica era "muito inspirador", pelo que o destacou no discurso da sessão solene comemorativa do 25 de Abril de 1974, que decorreu na Assembleia da República esta manhã.
"Muito inspirador, de tal maneira que eu hoje, no discurso do 25 de Abril, não apenas citei o Papa, como todo o discurso é pensado em cima do pensamento, da mensagem, da obra, da vida do Papa, e depois a aplicação à realidade internacional e nacional. Teve um influencia decisiva", indicou.
Marcelo recordou que "quando o Papa Francisco foi designado, foi o que se chama de repente descobrir aquilo que algumas gerações tinham considerado e tinham lutado com uma forma de intervenção social e política virada para o futuro".
Questionado se acredita que o próximo Papa possa ser um dos quatro cardeais portugueses que vão participar no conclave, o chefe de Estado afirmou que "é impossível dizer, pela natureza das coisas".
"É mais fácil nalguns cardeais do que noutros, porque há circunstâncias diferentes, de idade, de perfil. Mas eu diria o seguinte, que vai pesar muito na escolha, provavelmente, o Papa nomeou cardeais de todo o mundo que não se conhecem, mas conhecem a cúria. Quem tiver influência na cúria, e há um ou duas personalidades que têm, poderá ter uma influência decisiva na escolha e, porventura, vir a ser o próximo Papa", sustentou.
O Presidente da República disse ainda que conta deslocar-se ainda hoje ao Vaticano e classificou o ambiente na cidade de Roma como "uma loucura" e que por estes dias "Roma é o centro do mundo".
Marcelo Rebelo de Sousa chegou ao hotel onde vai ficar hospedado na capital italiana, acompanhado pelo presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.
O Estado português vai estar também representado no funeral do Papa Francisco, no sábado, pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
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