
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou hoje a morte do coronel Carlos Matos Gomes, militar de Abril, lembrando uma vida na defesa dos valores com que se debatera há mais de cinco décadas.
Segundo uma nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado apresentou os mais sentidos pêsames à família do coronel Carlos Matos Gomes, um dos Capitães de Abril, que morreu hoje aos 78 anos, num hospital em Lisboa.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou "uma vida de intervenção cívica e pedagógica muito diversificada e intensa, sempre na defesa dos valores porque se batera há mais de cinco décadas".
"A todos os amigos e seguidores do meu pai, Carlos Matos Gomes, é com profunda tristeza que informo que faleceu hoje, 13 de Abril, no Hospital Cuf Tejo [em Lisboa]. Partiu sereno e com as músicas de Abril", lê-se no comunicado publicado na rede social pela família do coronel.
Carlos de Matos Gomes nasceu em 24 de julho de 1946, em Vila Nova da Barquinha. Foi oficial do Exército, tendo cumprido comissões em Angola, Moçambique e na Guiné-Bissau.
No ano passado, em nome próprio, Matos Gomes publicou "Geração D" que, em entrevista à agência Lusa, definiu como uma homenagem e uma autobiografia da sua geração, a que conheceu a ditadura, a Guerra Colonial e fez o 25 de Abril de 1974.
A "Geração D", explicou, é a geração da "Democracia, da Deserção, da Descolonização, das Doutrinas e do Doutrinar, da Discussão, da Dialética, do Desmistificar, do Desmobilizar, da Denúncia, da Desobediência, do Divórcio", a geração que "viveu sob um regime de 'doidos do império'" e dele se libertou.
Em 2020, com o seu camarada de armas Aniceto Gomes, publicou o ensaio "Guerra Colonial".
Matos Gomes, sob o pseudónimo de Carlos Vale Ferraz publicou vários livros sobre a temática da Guerra Colonial, entre eles, "Nó Cego", "A Última Viúva de África" e "Os Lobos não Usam Coleira" (1995), que foi adaptado ao cinema por António-Pedro Vasconcelos, "Os Imortais" (2003).