"As instalações das Nações Unidas e de outras agências internacionais estão vazias. A fome está aqui. A ajuda humanitária está a ser utilizada como arma de guerra", declarou ao TIJ Ammar Hijazi, representante do Estado da Palestina junto das organizações internacionais.
"Todas as padarias apoiadas pela ONU em Gaza foram forçadas a encerrar. Nove em cada dez palestinianos não têm acesso a água potável", afirmou Hijazi.
Hoje, o TIJ, sediado em Haia, começou a ouvir argumentos de quase 40 países sobre as obrigações de Israel em relação à presença e às atividades das Nações Unidas, de outras organizações e Estados no território palestiniano ocupado, incluindo a UNRWA, antes de emitir o seu parecer consultivo a pedido da ONU.
Israel, que não está a participar nas audições do TIJ, respondeu imediatamente, considerando as audições uma "perseguição sistemática" ao país.
Em Jerusalém, o Ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, disse hoje que os procedimentos "fazem parte de uma perseguição sistemática e uma deslegitimação de Israel".
"Não é Israel que deve ser julgado. É a ONU e a UNRWA [a agência de ajuda humanitária da ONU para os palestinianos], disse aos jornalistas.
Israel aprovou uma lei que proíbe a UNRWA, uma agência da ONU, de operar em solo israelita depois de ter acusado alguns membros da equipa de participarem no ataque de 07 de outubro de 2023, do movimento islâmico palestiniano Hamas, que deu início ao conflito.
Investigações independentes indicam que Israel não forneceu provas sobre estas alegações.
Israel controla todos os fluxos de ajuda internacional, vitais para os 2,4 milhões de palestinianos na Faixa de Gaza, que enfrentam uma crise humanitária sem precedentes, e cortou-os em 02 de março, dias antes de um frágil cessar-fogo colapsar após 15 meses de combates implacáveis.
Na sexta-feira, o Programa Alimentar Mundial alertou que todas as cozinhas comunitárias em Gaza que servem refeições quentes "devem ficar sem comida nos próximos dias".
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