
Hoje, também se celebra o dia de Al-Quds (Jerusalém), que acontece sempre na última sexta-feira do Ramadão, e os muçulmanos fazem um ritual intenso de purificação, dedicando um momento à solidariedade com os palestinianos.
Os habituais cânticos de "Morte a Israel", "Morte a América" e "Retomaremos Jerusalém" ecoaram nos arredores da Universidade de Teerão, num ambiente festivo com milhares de pessoas a agitar bandeiras.
"Qualquer pessoa com coração apoiaria a Palestina", disse à agência de notícias EFE o jovem Omar, um iraniano que vive em Londres, mas está em Teerão para o Ano Novo persa.
"Os palestinianos estão sozinhos. Têm Israel, os Estados Unidos e o Reino Unido contra eles. Algo deve ser feito para impedir as mortes de palestinianos", disse o Omar.
À sua volta, agitavam-se bandeiras palestinianas, famílias inteiras protestavam e havia cartazes com a foto de Qassem Soleimani, o antigo general da Guarda Revolucionária iraniana assassinado pelos Estados Unidos, ou de Ismail Haniyeh, o líder palestiniano assassinado em Teerão.
Figuras do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, como um demónio também estavam representadas no protesto.
O Presidente iraniano, Massoud Pezeshkian, assistiu às marchas na capital, assim como o comandante da Força Quds da Guarda Revolucionária, Esmail Qaani, entre outras figuras.
O dia de Al-Quds foi instituído em 1979 pelo ayatollah Ruhollah Khomeini para pedir a libertação da Palestina e a queda de Israel.
O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, apelou este ano a uma celebração mais vigorosa do feriado para demonstrar a unidade do Irão face à propaganda de "alguns governos".
"As manifestações no dia de Al-Quds irão combater todas as suas maquinações e declarações falsas", disse a principal autoridade política e religiosa numa mensagem emitida na noite de quinta-feira.
"A marcha do dia de Al-Quds é um sinal de que o povo iraniano está a perseverar nos seus objetivos políticos, fundamentais e de longo alcance", acrescentou Khamenei.
As manifestações deste ano estão a decorrer quando acontece uma nova ofensiva de Israel em Gaza, que começou há 10 dias depois de Israel ter rompido o cessar-fogo, fazendo 855 mortos e 1.869 feridos. Ocorrem também no meio de novas tensões entre o Irão e os Estados Unidos, que tentam forçar Teerão a negociar o seu programa nuclear com ameaça de uso da força, um ponto destacado nos protestos.
"Do povo iraniano ao idiota do Trump: esqueçam as negociações", lia-se numa faixa em Teerão.
Apesar do fervor popular, o Irão anunciou na quinta-feira que tinha respondido a uma carta do Presidente norte-americano, Donald Trump, a apelar a negociações e insistiu na disponibilidade de Teerão para manter um diálogo indireto com Washington.
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