A Torre Eiffel, símbolo da capital francesa, iluminou-se hoje com a mensagem "Paz", num dia marcado por uma conferência internacional em Paris entre ativistas da paz palestinianos e israelitas para exigir a paz.

"Estou aqui hoje em Paris para vir com os meus irmãos e irmãs palestinianos e israelitas, porque precisamos do mundo para exigir a paz, não se trata de sugerir. Há 30 anos ou mais que ninguém faz nada", disse à Lusa Ibrahim Abu Hamad, de 32 anos, ativista palestiniano independente, na Praça dos Direitos Humanos, no Trocadéro, com vista direta para a Torre Eiffel.

Para o ativista palestiniano, "este ciclo" de protestos seguidos de guerra e reconstrução não pode continuar, é "preciso uma resolução real", já que até agora "somente as vozes extremas foram ouvidas".

"Quando falo com os meus amigos em Gaza, eles dizem que as pessoas estão desesperadas pela vida. As pessoas que perderam as suas famílias, as pessoas que querem que os únicos membros das famílias que sobraram vivam. Eles merecem isso, igual a todos os outros", afirmou.

Ibrahim Abu Hamad defende que esta "não é uma guerra religiosa", por essa razão as duas comunidades estão unidas na procura de um caminho para a paz.

"As pessoas palestinianas querem soberania. As pessoas israelitas querem autodeterminação. Nós queremos autodeterminação e este é o problema, não é muçulmano-judeu", acrescentou.

O monumento parisiense, frequentemente utilizado para transmitir mensagens e mostrar o apoio da França a causas, iluminou-se pelas 21:30 horas locais (20:30 de Lisboa), durante meia hora, com a mensagem para apelar à paz no conflito do Médio Oriente, com a palavra "Paz" escrita em francês, árabe, hebraico e inglês.

Numa iniciativa pouco divulgada, que deixou a maioria dos milhares de turistas confusos pela quantidade de jornalistas e polícia presentes no local, muitos procuraram saber o que iria acontecer antes de chegar a hora da Torre Eiffel brilhar.

Para William Taylor, turista americano de 51 anos, que veio a Paris de férias por uns dias com a sua família, a iniciativa com a qual se cruzou por acaso "é boa", porque "a guerra já dura há muito tempo e já várias vidas foram perdidas".

"É importante ver pessoas de várias idades juntarem-se e expressarem-se assim nas ruas pelas causas em que acreditam", afirmou William Taylor, defendendo ainda que "o mais importante" neste momento é que "Gaza possa receber ajuda", uma vez que Israel descartou a entrada de ajuda humanitária no enclave.

Durante o evento, dezenas de "judeus e muçulmanos" do movimento de mulheres Les Guerrières de la Paix (Os guerreiros da paz, fundado em 2022 e nomeada para o Prémio Nobel da Paz de 2025), colocaram-se em fila em frente ao monumento com cartazes com palavras como "liberdade", "dignidade", "libertação dos reféns", "paz" e "cessar-fogo", em várias línguas.

Durante a tarde, ativistas palestinianos e israelitas reuniram-se no Hôtel de Ville, em Paris, na conferência "As cidades face ao desafio da paz", para "promover a reconciliação, a justiça e a resolução de conflitos através do debate e da não-violência", numa iniciativa também organizada por Les Guerrières de la Paix para promover a paz, justiça e igualdade.

"Nós estamos aqui com as nossas diversidades, todos juntos, muitos e muitas, para mostrar que não podemos ter medo de acreditar na paz", afirmou Fadela Vaillant, de 24 anos, responsável pelos estudantes movimento Les Guerrières de la Paix, destacando os participantes "palestinianos e israelitas que vieram à conferência na câmara municipal de Paris".

Todos os participantes se reuniram hoje para dizer "juntos que eles também acreditam na paz", referiu a ativista.

"A nossa associação tem como objetivo estar em todos os lugares onde os direitos das mulheres são esquecidos, e colocar as mulheres no centro da resolução dos conflitos, no centro da construção das memórias. Porque as mulheres também têm uma importante parte a fazer seja pela paz, seja pela justiça, seja pela dignidade de um e dos outros, seja pela segurança também", disse Fadela Vaillant.

De acordo com as autoridades palestinianas, pelo menos 51 mil pessoas já morreram após o início da ofensiva de Israel na Faixa de Gaza para "erradicar" o movimento islamita Hamas, que aconteceu no início de outubro de 2023, após o ataque sem precedentes do Hamas no sul do território israelita, em que foram sequestradas 251 pessoas.