
As manifestações ocorrem numa altura em que o Tribunal Constitucional sul-coreano vai decidir, na próxima semana, sobre a destituição formal do cargo de Yoon devido à imposição da lei marcial em dezembro de 2024.
Agitando faixas e cartazes que exigem a destituição do presidente conservador, grandes multidões de manifestantes anti-Yoon encheram as ruas perto do tribunal, onde a polícia tinha recentemente reforçado a segurança em antecipação da decisão esperada já na próxima semana.
Os apoiantes de Yoon reuniram-se em ruas próximas, agitando bandeiras sul-coreanas e norte-americanas e apelando ao regresso do seu herói, cuja tomada de poder mal concebida evocou memórias das ditaduras militares vistas pela última vez na década de 1980.
A polícia enviou milhares de agentes para manter a segurança e não houve relatos imediatos de grandes confrontos ou feridos.
Os organizadores dos protestos anti-Yoon estimaram a afluência de 1,1 milhões de pessoas, enquanto a polícia calculou que o número de participantes se situava nas dezenas de milhares.
Marchando em direção às ruas próximas do tribunal, os manifestantes cantaram e entoaram palavras de ordem exigindo a destituição de Yoon e a sua prisão por causa da imposição da lei marcial, que durou pouco tempo, a 03 de dezembro.
Os poderes de Yoon foram suspensos depois de a Assembleia Nacional, controlada pela oposição, o ter destituído 11 dias depois, dia 14.
"Não podemos esperar nem um único dia", disse um dos líderes do protesto no palco. "Esta é a ordem dos nossos cidadãos - o Tribunal Constitucional deve afastar imediatamente Yoon Suk Yeol, o líder da rebelião!"
Para que Yoon seja formalmente destituído do cargo, pelo menos seis dos oito juízes em funções no Tribunal Constitucional têm de aprovar a moção de destituição aprovada pelos deputados. Se não o fizerem, os poderes presidenciais de Yoon serão imediatamente restabelecidos.
Chung Sung-il, um manifestante anti-Yoon, de 72 anos, disse que esperava que o tribunal destituísse Yoon, "a 100 por cento".
"Se ele for reintegrado, muitas coisas perigosas podem acontecer", advertiu.
As manifestações pró-Yoon contaram com a presença de membros do Partido do Poder Popular, conservador, incluindo Yoon Sang-hyun, deputado nos últimos cinco mandatos, que defendeu a imposição da lei marcial pelo Presidente como uma tentativa de travar a "ditadura legislativa" dos liberais, que obstruíram a sua agenda com a maioria na Assembleia.
A multidão entoou repetidamente o nome de Yoon Suk Yeol e segurou cartazes onde se lia "Dissolvam a Assembleia Nacional".
"O Presidente Yoon declarou a lei marcial para proteger a Coreia do Sul livre e democrática", disse Jin Woo-chan, um apoiante de Yoon de 20 anos.
Yoon argumentou que o decreto de lei marcial era necessário para vencer a oposição liberal "anti-Estado", que, segundo disse, utilizou indevidamente a maioria legislativa para bloquear a sua agenda.
Apesar dos bloqueios de centenas de militares fortemente armados, os deputados reuniram um quórum e votaram unanimemente o levantamento da lei marcial, horas depois de Yoon a ter declarado. A Constituição limita o exercício de tais poderes a tempos de guerra ou emergências nacionais comparáveis.
A saga legal de Yoon, que inclui também uma acusação criminal separada por rebelião, agitou os assuntos de Estado, a diplomacia e a economia e tornou-se um teste de resistência para a democracia do país.
Os seus advogados e o partido no poder puseram abertamente em causa a credibilidade dos tribunais e das instituições responsáveis pela aplicação da lei e Yoon continuou a manifestar desprezo pelos seus rivais liberais, apoiando teorias da conspiração infundadas sobre fraude eleitoral para justificar a malograda investida autoritária.
Se o Tribunal Constitucional rejeitar Yoon, isso desencadeará uma eleição presidencial antecipada no prazo máximo de dois meses.
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