
Luís Montenegro falava aos jornalistas à porta da Nunciatura Apostólica da Santa Sé, em Lisboa, onde assinou o livro de condolências pela morte do Papa, depois de questionado sobre a sua presença, bem como a do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, e do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, no funeral do Papa Francisco.
"Há uma grande afinidade entre o povo português e o legado deste Papa. A comunhão de valores que a nossa sociedade tem com o legado do Papa Francisco é enorme. E, portanto, naturalmente, que os representantes do povo português cumprem uma missão de representação, que é aquela que lhe está atribuída", respondeu.
Após assinar o livro de condolências, nas declarações que fez aos jornalistas, Luís Montenegro começou por dizer que, "em nome do Governo de Portugal e também do povo português", expressou com esse ato, na Nunciatura Apostólica da Santa Sé, em Lisboa, "o reconhecimento e a gratidão pelo trabalho de promoção de valores essenciais à vida da sociedade que Francisco corporizou".
Francisco "deixa como grande legado valores de humanismo, valores de respeito pela diferença, valores de solidariedade, valores de justiça, valores de mobilização para que todos possamos contribuir para uma sociedade com maior igualdade de oportunidades. Uma sociedade que olhe para aqueles que são os mais vulneráveis e mais desfavorecidos e que os habilite a poderem superar esses momentos de maior adversidade", completou.
Na opinião do primeiro-ministro, o Papa Francisco "foi uma personalidade notável à frente da Igreja Católica".
Já sobre a Igreja Católica, o líder do executivo considerou que é "uma instituição com uma responsabilidade social enorme, de natureza universal e com uma grande ligação a Portugal, onde ainda hoje desempenha um papel essencial no sistema educativo e na abordagem ao esteio social de muitas comunidades".
A Igreja Católica tem "um trabalho social que é também, muitas vezes, não só desempenhado pelas paróquias espalhadas por todos os cantos do país, mas igualmente por instituições sociais que nascem a partir dessa igreja".
"E o Papa Francisco soube utilizar todo esse potencial para, através do seu trabalho espiritual e cívico, motivar os cidadãos, os poderes públicos e a política (do ponto de vista global) para não deixar ninguém para trás", frisou.
Luís Montenegro referiu-se ainda às duas visitas do Papa Francisco a Portugal, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude e, antes, para a evocação do centenário das aparições de Fátima.
"Foi uma forma simples, mas poderosíssima, de nos interpelar a todos para sermos mais justos, mais solidários, mais fraternos, e olharmos para a condição humana de cada pessoa", acrescentou.
O Papa Francisco morreu na segunda-feira aos 88 anos, após 12 anos de pontificado. Nascido em Buenos Aires, em 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta e primeiro latino-americano a chegar à liderança da Igreja Católica.
A sua última aparição pública foi no domingo de Páscoa, no Vaticano, na véspera de morrer. O papa Francisco esteve internado durante 38 dias devido a uma pneumonia bilateral, tendo tido alta em 23 de março.
Portugal decretou três dias de luto nacional, entre quinta-feira e sábado.
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