Luís Montenegro abriu a cimeira da CNN/Portugal, transmitida em direto, e foi questionado sobre os problemas no INEM: "As coisas não são passíveis de alterações imediatas, eu não consigo, numa estrutura de emergência à qual faltam pelo menos 800 pessoas, contratá-las no dia a seguir", justificou Montenegro, acrescentando esperar "atingir os 800 dentro de um ano, usar inteligência artificial para o serviço ser mais rápido e falhar menos. Não estou a desculpar o que aconteceu, estou a ser realista e a dizer às pessoas a verdade das coisas."
Quanto a ilações políticas, a retirar após os inquéritos em curso acerca das 11 mortes registadas no período de greve, o chefe de Governo foi esquivo: disse primeiro que, "se as houver, terão de ser assumidas, não vamos escusar-nos dessa responsabilidade, tenho de assumir a responsabilidade sobre aquilo que fazem os meus ministros". Mas acrescentou depois que "assumir as responsabilidades não significa demitir-se, é um conceito novo, não existe. Não é por se demitir pessoas que a responsabilidade política é assumida e no dia seguinte está tudo bem."
Só quando questionado se lhe causou "perplexidade" a secretária de Estado saber 10 dias antes da greve, sem ter agido, Montenegro quis manter reserva: "Terei de ser comedido em enunciar as coisas que correram mal publicamente."
Luís Montenegro só deixou uma garantia: "Se há coisa que este Governo não tem feito é estar a desculpar com o que aconteceu antes de chegarmos", adianta Luís Montenegro.
Mas houve tempo para mais recados e confirmações.
Implicitamente, o primeiro-ministro reconheceu que o Almirante Gouveia e Melo não vai ser reconduzido à frente da Marinha, dizendo que "ainda não" tem um substituto para o cargo, processo que lançará ainda esta semana.
Sobre o Orçamento para 2025, deixou um alerta para os socialistas: "Acho que há fatores de incerteza diante de nós, na economia europeia, nas questões geopolíticas, e nós temos de ter prudência", assegurou o chefe do Governo, dizendo ter "dificuldade em perceber que, ao mesmo tempo que se diz que o Governo está a distribuir tudo a toda a gente, nos queiram impor mais 300 milhões de euros" para o aumento de pensões proposto pelo PS. Ainda assim, não fechou a porta a viabilizar essa proposta.
Para o Chega, outra nota sobre o desafio para o Governo apresentar uma moção de confiança: "Eu já tenho a confiança de que preciso", adianta. "Se as oposições acharem que não somos merecedores dessa confiança, devem ser eles" a dar o passo.