Luís Montenegro garantiu, esta noite, que não vai retirar a moção de confiança. Numa entrevista à TVI, reafirmou que não cometeu qualquer ilegalidade e que não se demitirá.

O primeiro-ministro reconheceu que podia ter sido mais claro na comunicação, mas insistiu que sempre agiu dentro da legalidade. Explicou que a empresa, Spinumviva, registou um aumento de faturação em 2022 na sequência de um serviço de consultoria que durou mais de dois anos. Tratou-se dos serviços prestados à empresa de Joaquim Barros Rodrigues, que gere postos de combustível na cidade de Braga. Na entrevista, Montenegro esclareceu ainda que, desde agosto de 2023, 99% da faturação da empresa provém de cinco clientes regulares.

No caso da empresa Solverde, Montenegro garantiu que, desde que assumiu o cargo, o governo não interveio em qualquer litígio com a empresa que detém hotéis, concessão de casinos e que opera na área do jogo online. O único caso conhecido foi um processo de arbitragem, que acabou por ser decidido a favor do Estado.

Insistiu que não tirou qualquer benefício financeiro da sua empresa desde que lidera o governo e que a esposa, ao transferir ações para os filhos, agiu dentro da legalidade e com o seu conhecimento.

"Foi um passo maior do que tínhamos perspetivado, mas fizemos com total confiança em quem lá ficou", disse sobre a doação da empresa aos filhos.

A compra de dois apartamentos e a venda de ações que rendeu 200 mil euros em mais-valias

Nas últimas semanas, soube-se que o primeiro-ministro tinha adquirido dois imóveis, na zona de Lisboa, por mais de 700 mil euros. Os dois apartamentos foram pagos sem recurso a crédito bancário. Na entrevista à TVI, Montenegro explicou que, em 2023, fez uma compra com fundos familiares e que, em 2024, quando já era primeiro-ministro, comprou um apartamento em seu nome e da mulher. A intenção era evitar qualquer dúvida sobre os filhos estarem a usufruir das medidas destinadas aos jovens do pacote de habitação, nomeadamente, a isenção de impostos.

"Os fundos destinados a essa compra são facilmente detetáveis, um cheque bancário da minha conta, não há nenhuma dúvida sobre a origem do dinheiro”, afirmou.

Montenegro também falou sobre a compra e venda de ações, uma situação que até agora não tinha sido noticiada, mas que o primeiro-ministro decidiu desvendar na entrevista. De acordo com o próprio, em 1998, comprou ações do BPA, que manteve por muito tempo.

"Fui acumulando essas ações, andei com elas durante anos até que as vendi", disse.

Revelou ainda que, ao longo dos anos, continuou a investir, incluindo na compra de ações do BCP, e que esses investimentos não foram fáceis.

"Foi um investimento sofrido, porque estive muitos anos em perda, até que, nos últimos aumentos de capital, decidi vender essas ações na semana anterior a tomar posse como primeiro-ministro. Tive uma mais-valia significativa, cerca de 200 mil euros", avançou.

Primeiro-ministro pagou 250 euros por cada noite no hotel Epic Sana

Também na sequência de notícias avançadas na semana passada, que davam conta da estadia do primeiro-ministro num hotel de 5 estrelas em Lisboa, Montenegro esclareceu que, optou por ficar num hotel para ficar algum tempo fora do Palácio de São Bento, sítio onde trabalha, uma vez que a casa pessoal está em obras.

"Paguei 250 euros por cada noite, na base de um acordo que firmei com o hotel, e na garantia de ter o alojamento disponível", afirmou.

Na entrevista, revelou que, neste momento, já está a viver no Palácio de São Bento, residência oficial. “Tem sido uma experiência diferente", apontou.

"Só quero estar à frente do PSD se o PSD quiser"

O partido ainda não se tinha manifestado e já Hugo Soares, líder do grupo parlamentar do PSD, anunciava a recandidatura de Luís Montenegro, caso se confirme o cenário de eleições legislativas.

"Não há ninguém no PSD a questionar a minha liderança e seria estranho que fosse eu a levantar esse tema", disse, acrescentando que ainda não reuniu os órgãos máximos do partido, mas que o fará ainda esta semana.
"Só quero estar à frente do PSD se o PSD quiser", reforçou.

Montenegro reiterou ainda que avançará para a recandidatura, mesmo que venha a ser constituído arguido.

"Avanço com toda a certeza", indicou.