Com 80 anos celebrados este ano, Maria Cândida Rocha e Silva, mantém-se na presidência do Banco Carregosa, instituição que fundou em plena crise de 2008, já com 65 anos de idade. Quando lhe perguntam porquê, responde apenas que “era o momento” e sublinha que não há uma idade certa para fazer acontecer. E se há, vinca, “com 80 anos, nós não sabemos nada. Se calhar há e não sei, para aí aos 120 anos ou coisa assim”.

Nascida no seio de uma família abastada do Norte, sempre recusou viver sob a alçada financeira da família, procurando a sua independência. Casou, constituiu família, mas nunca abdicou de uma carreira que a realizasse profissional e pessoalmente. O trabalho, diz, “é das coisas mais gratificantes que existem” e, além disso, admite que cuidar da casa nunca foi coisa pela qual nutrisse grande entusiasmo.

Maria Cândida Rocha e Silva, presidente do Banco Carregosa, durante a gravação ao vivo do podcast
Maria Cândida Rocha e Silva, presidente do Banco Carregosa, durante a gravação ao vivo do podcast Matilde Fieschi

Formou-se em Filologia Românica como estudante-trabalhadora, depois de medir forças com o pai que preferia que Maria Cândida tivesse concluído a sua formação antes de começar a trabalhar. Fez carreira na área financeira, numa altura em que o setor empregava poucas mulheres.

Desafiou estereótipos e combateu estimas, ao tornar-me a primeira mulher em Portugal nomeada corretora oficial da bolsa de valores. Estavamos em 1980 e a profissão ainda era, por decreto, classificada como uma “função viril”, masculina. “O único requisito que eu não cumpria era a tal virilidade. Era isso que realmente me atrapalhava um bocadinho. Mas tirando isso eu cumpria todos os requisitos: tinha uma licenciatura, tinha prática de títulos, mais até do qualquer pessoa, porque só tinha feito isso durante 20 anos”, recorda.

O que inspira a presidente do Banco Carregosa a continuar a fazer acontecer? O compromisso com fazer bem tudo aquilo que se compromete. “Eu gostava que as pessoas pensassem em mim e dissessem: Ela Foi uma pessoa que tentou fazer bem. Se dissessem isto de mim era o máximo. Porque realmente, dentro das minhas condicionantes de ser humano, o que eu sempre procurei foi fazer bem”.

Cátia Mateus podcast O CEO é o limite
Cátia Mateus podcast O CEO é o limite SIC Notícias

O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios: