"O projeto alcançou resultados significativos ao longo dos seus três anos de implementação. Além dos outputs científicos já produzidos e envolvimento de uma equipa multidisciplinar de investigadores portugueses e moçambicanos, até à data foram replantadas 15 clareiras da floresta de mangal que estava devastada, cobrindo um total de 18 hectares", disse Margarida Ortigão, investigadora no Nova SBE Environmental Economics Knowledge Center, uma das entidades que está a desenvolver o MozamBES, em parceria com a Nova IMS, a Universidade Eduardo Mondlane e o Comité de Gestão dos Recursos Naturais de Nhangau.

Segundo o comunicado, o projeto de investigação MozambES, de cariz social e ambiental, pretende promover o envolvimento ativo dos residentes locais e, através de compensações financeiras, incentivar o restauro e a conservação ambiental. Já foram incluídos mais de 200 habitantes locais.

"O orçamento total deste projeto para os três anos de execução é de 242.000 euros, dos quais 145.000 euros foram alocados à Nova SBE", referiu Ortigão em declarações à Lusa, explicando que este valor, "além do trabalho de investigação, inclui as despesas associadas à implementação do programa piloto de conservação (...)", entre outros.

"Estão também contemplados os custos logísticos e pequenos incentivos monetários atribuídos aos grupos de poupança e crédito rotativo, que participam ativamente nas atividades de conservação ao longo de um período de 10 meses", esclarece a investigadora no Nova SBE Environmental Economics Knowledge Center.

As comunidades locais -- organizadas em grupos de poupança e crédito rotativo que apoiam economicamente os habitantes locais através da facilitação de créditos, educação financeira e desenvolvimento de capacidades empreendedoras -- encontram-se já em plena atividade na comunidade de Nhangau, próxima da cidade de Beira, distribuídas por 10 grupos de poupança e crédito.

O projeto MozambES disponibiliza aos participantes no programa de restauro, pequenos apoios financeiros e, em contrapartida cada grupo tem o dever de replantar uma área pré-designada da floresta devastada assegurando também a sua boa manutenção.

Segundo a Nova SBE, a monitorização de todo o projeto é assegurada pelo Comité de Gestão dos Recursos Naturais de Nhangau em colaboração de Alberto Charrua, investigador responsável pela implementação do programa e professor na Universidade de Licungo, na Beira.

"O maior desafio que o projeto enfrenta é de natureza logística, devido à localização remota e de difícil acesso das áreas de intervenção", segundo Ortigão.

Sobre a importância das florestas de mangal, Ortigão refere que estas "são reconhecidas como um dos ecossistemas mais produtivos do planeta e desempenham um papel vital em Moçambique, tanto a nível ambiental, como socioeconómico. Um dos seus contributos mais importantes é a proteção costeira, funcionando como uma barreira natural contra a erosão e efeitos das tempestades".

Além da sua extrema importância na mitigação e adaptação às alterações climáticas, as florestas de mangal, que enfrentam inúmeras ameaças globais devido à expansão urbana e às atividades de exploração extrativa, desempenham ainda um papel crucial no apoio às atividades económicas das comunidades locais.

O projeto MozambES é financiado por Aga Khan Development Network (AKDN) e Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e pretende contribuir para a gestão mais sustentável dos recursos naturais locais.

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