
"Chocado com as insinuações lançadas porque não têm fundamento". É assim que Luís Montenegro diz sentir-se quando fala de toda a polémica Spinumviva, a empresa de família que levou à queda do Governo. Em entrevista ao programa Goucha, na TVI, o primeiro-ministro cessante reitera que tudo não passa de "um manto de insinuações e aproveitamento político, que não tem correspondência com os factos".
O ainda chefe do Governo admite, porém, que "uma ou outra coisa" podia ter sido feita de forma diferente, mas que, "no fundo, "foi tudo feito de boa-fé" e que aquilo que fez "qualquer português faria" no seu lugar.
"É verdade que podíamos ter transmitido logo [a empresa] para os meus filhos e o assunto não existiria e, hoje, olhando para tudo isto, teria sido a melhor opção", revelou na entrevista, insistindo, como já o tinha feito no início da polémica, que nunca pensou que esta situação " pudesse ser mal interpretada".
Quanto à demora nas explicações, Montenegro assume que "pode ter havido algum erro do meu ponto de vista de comunicação, mas que ainda está "disponível" para responder a questões, reforçando que nunca cometeu "um ato de corrupção".
No entanto, ressalta que "não pode valer tudo", porque "podem ser feitas perguntas para tirar esclarecimentos, mas não se podem tirar conclusões na base de raciocínios que são perversos".
"Nunca ninguém foi escrutinado ao nível a que eu fui. Até acho que chega a ser perverso que alguns dos meus adversários políticos exijam de mim transparência, quando eles ficam a muita distância da transparência que eu já tive", aproveitou para lançar a crítica.
Quanto às eleições antecipadas, o primeiro-ministro diz que nunca as desejou, responsabilizando o parlamento pelo que vai acontecer dia 18 de maio.
Mais uma polémica... "as perguntas sopradas ao auricular dos jornalistas"
Puxando a linha do tempo mais para trás, até outubro do ano passado, numa conferência sobre o futuro dos média, o chefe de Governo afirmou que os jornalistas “não estão a valorizar” a própria profissão, classificando-os como “ofegantes” e sugerindo que recebem “perguntas sopradas ao auricular”.
Apesar de já ter falado sobre estas declarações posteriormente, esta terça-feira, voltou a frisar que as suas palavras foram em "defesa do serviço da comunicação social e até na sua relação com novos fenómenos de comunicação, como as redes sociais".
Ainda sobre esse assunto, Montenegro diz que não quer "invadir a esfera de decisão do jornalista".