A organização não-governamental (ONG) Oxfam afirmou, esta segunda-feira, que Israel continua a bloquear a entrega de alimentos em Gaza, indicando que apenas 12 camiões com alimentos e água foram autorizados a entrar no norte do território desde outubro.

"Dos escassos 34 camiões de alimentos e água autorizados a entrar na província de Gaza Norte nos últimos dois meses e meio, os atrasos deliberados e as obstruções sistemáticas por parte dos militares israelitas fizeram com que apenas 12 conseguissem distribuir ajuda a civis palestinianos esfomeados", lê-se no comunicado datado de domingo.
"A Oxfam e outras agências humanitárias internacionais têm sido continuamente impedidas de distribuir ajuda vital na província de Gaza Norte desde 06 de outubro", quando Israel intensificou um cerco militar a Jabalia, Beit Lahia e Beit Hanoun, segundo a organização.

O cerco barrou os bens limitados que estavam armazenados nesses locais, acrescentou a ONG, notando que milhares de pessoas deverão estar isoladas, mas sem acesso do apoio humanitário "é impossível saber números exatos".

"No início de dezembro, as organizações humanitárias que operam em Gaza estavam a receber chamadas de pessoas vulneráveis presas em casas e abrigos que tinham ficado completamente sem comida e água", denunciou ainda a ONG.

A ONG precisou que desde 06 de outubro que Israel só terá permitido a entrada de 34 camiões de alimentos e água da ONU, indicando que em novembro um comboio de 11 camiões ficou inicialmente retido em Jabalia e acabou por receber luz verde para descarregar numa zona militarizada, sem que os civis tivessem acesso.

Na semana seguinte, foi autorizada a entrada a mais 14 camiões, mas devido ao atraso na receção da autorização final das autoridades israelitas, "apenas três camiões puderam entrar". No entanto, ao chegarem a uma escola que servia de abrigo, esta foi atacada e evacuada.

Segundo a Oxfam, "em 20 de dezembro, Israel permitiu finalmente que mais nove camiões da ONU entregassem alimentos e água" a pessoas, que revelaram ter tão poucos mantimentos que comeram folhas para se manterem vivos.

"A situação em Gaza é apocalíptica e as pessoas estão encurraladas, incapazes de encontrar qualquer tipo de segurança", segundo Sally Abi-Jalil, diretora da Oxfam para o Médio Oriente e Norte de África, citada no comunicado.
"É o desespero absoluto: não há comida, não há abrigo para a família no inverno gelado. É abominável que, apesar da violação implacável e pública do direito internacional por parte de Israel e da sua utilização da fome como arma de guerra, os líderes mundiais continuem a não fazer nada", continuou Abi-Jalil.

A Defesa Civil de Gaza estima que mais de 2.700 pessoas foram mortas na província do norte de Gaza desde o início do cerco, embora este número não seja atualizado há semanas.