As Nações Unidas acusaram, nesta segunda-feira, o Governo israelita de estar a deter e isolar civis do norte de Gaza do resto do enclave palestiniano, depois de mais de uma semana de severos bombardeamentos.

"À sombra da escalada da violência em todo o Médio Oriente , os militares israelitas parecem estar a isolar completamente o norte de Gaza, ao mesmo tempo que realizam ataques com absoluto desrespeito pelas vidas e segurança dos civis palestinianos", denunciou o Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, num comunicado.

A agência da ONU informou que foram recolhidos relatos que indicam que as forças israelitas levantaram "montes de areia em pontos-chave para selar de facto o norte de Gaza", acrescentando que as forças israelitas abriram fogo contra aqueles que tentaram fugir.

A ONU disse estar "consternada" com o elevado nível de violência e com os contínuos bombardeamentos de Israel, ao mesmo tempo que alertou que o Exército continuou com os seus ataques nas últimas horas pelo oitavo dia consecutivo.

O Alto Comissariado avisou ainda que os ataques às escolas que servem de refúgio aos deslocados em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, também se prolongaram.

"A retirada do norte de Gaza levanta ainda mais receios de que Israel não tenha intenção de permitir que os civis regressem às suas casas. E os repetidos apelos a todos os palestinianos para que abandonem o norte levantam receios sobre uma possível transferência forçada em grande escala", pode ler-se no comunicado.

A ONU recordou que "Israel, enquanto potência ocupante, tem a obrigação de garantir alimentos, água, cuidados médicos e outras necessidades básicas aos civis de Gaza".

"A recusa de entrada no norte de Gaza de bens suficientes e necessários para a sobrevivência da população civil e a recusa ou falha de Israel em fornecer estes produtos essenciais, especialmente depois de mais de um ano de impedimentos ilegais à assistência humanitária, irão inevitavelmente causar mais sofrimento e mortes desnecessárias", sublinha o documento.

É por isso que a ONU declarou que a "transferência forçada da população no norte de Gaza poderia constituir crimes de atrocidade, tal como disparar contra civis que fogem em resposta às ordens israelitas".

"Exigimos o fim imediato do cerco no norte de Gaza e dos repetidos bombardeamentos de abrigos para deslocados internos", conclui o comunicado.

- Com Lusa