A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, lamentou hoje a existência de denúncias anónimas como as que deram origem à averiguação preventiva ao secretário-geral do PS, alertando para o risco de "oportunismo em campanha eleitoral".

"Lamentamos que haja denúncias anónimas nesse tipo de processos e que de alguma forma possa haver aqui um oportunismo na campanha eleitoral que estamos a viver", afirmou a líder do PAN à margem de uma visita à Associação Zoófila Portuguesa, em Lisboa, após questionada sobre a investigação preventiva aberta pelo Ministério Público ao secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.

Inês de Sousa Real defendeu que todos os políticos "devem estar sujeitos ao escrutínio e prestar contas aos portugueses", e disse esperar que "a justiça faça agora o seu papel" em relação aos dados disponibilizados pelo secretário-geral do PS, de forma a que a "campanha não fique contaminada com estes casos e casinhos".

Questionada sobre o 'timing' da divulgação deste caso, em plena pré-campanha eleitoral para as legislativas, a líder do PAN argumentou que com esta averiguação preventiva ficavam para segundo plano outras situações a envolver o Chega onde há, acrescentou, "alegados crimes de pedofilia" ou de falsificação de assinaturas.

"Tudo isso tem ficado para trás, curiosamente, com todos estes casos que agora têm surgido. E por isso mesmo nós temos a consciência de que quem mais se alimenta deste tipo de situações que vão acontecendo é precisamente quem menos serve os portugueses. Da parte do PAN não damos para esse peditório", afirmou.

Sousa Real disse ainda que, nesta averiguação preventiva a Pedro Nuno Santos, não lhe parecem estar em cima da mesa "novos factos" para lá dos que já eram conhecidos e tinham já sido alvo de escrutínio.

A líder do PAN foi também questionada sobre a notícia do arquivamento do processo relativamente a uma operação policial no Martim Moniz e afirmou que essa decisão não apaga o facto de "se estar a alimentar uma agenda anti-imigração que não corresponde aos números de violência em Portugal" nem ao que estas pessoas trazem de positivo ao país.

"Se existe uma perceção de insegurança por parte dos portugueses, temos que perceber o porquê dessa perceção de insegurança. Se existem pessoas em situação de ilegalidade ou irregularidade no nosso país, temos que também olhar para o cumprimento da lei, mas Portugal também é um país de emigrantes e não podemos esquecer-nos que não podemos tratar cá em Portugal da forma que não gostaríamos de ser tratados lá fora", disse.

Sousa Real insistiu que o maior problema de insegurança do país é o da violência doméstica e de género que, acrescentou, não recebem tanta atenção da extrema-direita e do PSD e do CDS como a "agenda extremista" contra a imigração.