Nuno Fox

Diz que esta é a festa dos que também foram derrotados nesse dia, que queriam transformar numa vingança e num retrocesso. O presidente da Associação foi uma das principais figuras do próprio 25 de novembro. Membro da chamada ala moderada do MFA, foi um dos nove do grupo dos nove, liderança política do golpe ou contragolpe (conforme o ponto de vista). A sua escolha para comandante da Região Militar de Lisboa, substituindo Otelo Saraiva de Carvalho, foi o gatilho dos acontecimentos. E teve um papel político e militar absolutamente central naqueles dias.

Até o dia 25 de novembro de 2024, as comemorações do 25 de abril pretendiam sintetizar todo o longo processo que levou à democracia. Até porque nele está a queda da ditadura, em 1974, as eleições que levariam à aprovação de uma nova Constituição, em 1975, e as primeiras eleições legislativas, já depois do 25 de novembro, em 1976. Nesse processo estão datas como o 28 de setembro ou o 11 de março, quando foram derrotadas tentativas da direita radical para dar um passo atrás, e o 25 de novembro, quando foram derrotados setores radicais da esquerda que se afastavam, aos olhos da maioria dos militares da abril, da promessa democratizadora do programa do MFA. O 25 de abril, data que, como se viu nas comemorações populares deste ano, une quase todo os portugueses, fazia a síntese feliz de um período cheio de contradições, permitindo que o país olhe para o futuro, não se perdendo em guerras culturais.

É mais que uma entrevista, é menos que um debate. É uma conversa com contraditório em que, no fim, é mesmo a opinião do convidado que interessa. Quase sempre sobre política, às vezes sobre coisas realmente interessantes. Um projeto jornalístico de Daniel Oliveira e João Martins. Imagem gráfica de Vera Tavares com Tiago Pereira Santos e música de Mário Laginha. Subscreva (no Spotify, Apple e Google) e oiça mais episódios:

Tiago Pereira Santos, com ilustração de Vera Tavares