Luís Montenegro, primeiro-ministro, na Festa do Pontal
Luís Montenegro, primeiro-ministro, na Festa do Pontal LUÍS FORRA/Lusa

O primeiro-ministro anunciou a que os idosos com pensões mais baixas vão receber um suplemento extraordinário, que irá variar entre os 100 e os 200 euros e que será pago em outubro. Anunciou ainda um passe ferroviário de 20 euros para todo o país e aposta no curso de Medicina. Luís Montenegro, que falava na 'rentrée' política do PSD, defendeu que os primeiros quatro meses de governação foram de "transformação estratégica e estrutural" do país e garante que assim vai continuar.

"Boa noite, Algarve. Boa noite, Quarteira. Boa noite, Portugal. Eu queria começar por deixar duas palavras". Foram as primeiras declarações do primeiro-ministro na tradicional Festa do Pontal. Até que o microfone falhou. Enquanto o problema técnico estava a ser resolvido pelo staff, os apoiantes "puxavam" por Luís Montenegro para que o responsável não desanimasse.

Quase 10 minutos depois, o primeiro-ministro conseguiu, finalmente, discursar.

"Estão aqui muitos membros do Governo e sabem que mesmo nos dias mais difíceis, eu nunca perco a serenidade", começa por afirmar, referindo-se às falhas técnicas.

O líder do PSD cumprimenta as "pessoas que não são do PSD", destacando que está a governar para "todos os portugueses" e não para o PSD e para os militantes e dirigentes. De seguida, cumprimenta o seu partido pelo exemplo de "abertura à sociedade" para que muita gente sem filiação partidária possa estar em lugares de responsabilidade.

Primeiros meses de Governo foram de "transformação estratégica a estrutural"

Os primeiros quatro meses de governação AD foram de "transformação estratégica e estrutural de Portugal". Foi a primeira ideia apresentada pelo primeiro-ministro, uma ideia que foi sendo reforçada ao longo do discurso.

"Fizemos acordo com os professores, com os polícias, com os oficiais de justiça, com os guardas prisionais. Estamos a construir entendimentos com os médicos e enfermeiros. Estamos, portanto, a valorizar os prestadores de serviço público do Estado, os funcionários públicos (...), aqueles que asseguram a responsabilidade de executar as políticas públicas", refere.

Depois de exemplificar com a habitação, emigração e impostos, garante que o Governo está a criar os "alicerces" de uma sociedade que cria mais riqueza.

Depois, referindo-se à Educação, refere que o Executivo quer valorizar as escolas, motivar os professores e que a escola pública dê uma "oportunidade a todos".

"Para que não seja, como é hoje, injusto olhar para as escolas e verificar que quem tem dinheiro para colocar filhos e netos em escolas privadas tem resposta melhor do que aquela que escola pública é capaz de oferecer", acrescenta o líder dos sociais-democratas.

As novidades para as reformas mais baixas

No discurso de cerca de 30 minutos, o primeiro-ministro anuncia um suplemento extraordinário para os idosos com "pensões mais baixas", que irá variar entre os 100 e os 200 euros. Será pago em outubro.

Pensões até 509,26 euros recebem 200 euros

Pensões entre 509,26 euros e 1018,52 euros recebem 150 euros

Pensões entre os 1018,62 euros e os 1527,78 euros recebem 100 euroS.

O chefe do Governo diz que a sua "vontade" seria que o aumento das pensões ocorresse de "forma permanente" nos próximos anos. Mas isso não é possível neste momento.

As novidades na ferrovia: um passe de 20€ para todos os comboios

O chefe do Executivo anuncia ainda o "passe ferroviário verde", que custará 20 euros mensais e dará acesso a todos os comboios urbanos, regionais, interregionais e intercidades. Está incluído num "plano de mobilidade" que será aprovado para facilitar o uso de meios de transporte sustentáveis que não causem problemas ambientais.

"É um investimento nas pessoas, é um investimento no ambiente, é um investimento no futuro, isto é gerir estratégica e estruturalmente o futuro de Portugal", afirma Luís Montenegro.

O "passe ferroviário verde" foi também destacado no X por Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação.

As novidades na Saúde: aposta na Medicina

Na rentrée do PSD, o primeiro-ministro diz que "formar mais médicos" é uma prioridade do Executivo. Por isos, anuncia ainda a criação de mais vagas para o curso de Medicina para compensar as saídas de médicos do SNS. Quer também propor a criação de cursos de Medicina em Vila Real e em Évora.

A construção do novo hospital de Lisboa é para avançar. Montenegro quer também resolver "de vez" a criação do novo hospital central do Algarve.

"Vamos fazer mais escolas de Medicina em hospitais que tendo um corpo docente, vão dar mais possibilidades dos novos médicos poderem progredir no conhecimento e na sua carreira", assegura.

Saúde: em marcha um plano para 75 mil cirurgias

"Sei que alguns, com elevada desonestidade, criaram a ideia de que nós tínhamos feito a promessa que em 60 dias íamos resolver os problemas da saúde. Acho que é tão absurda essa tese que não vale a pena sequer comentá-la", critica.

Contudo, diz que o compromisso que assumiu está a ser cumprido: o plano de emergência para a saúde foi apresentado nos primeiros 60 dias.

É um plano que "não vai resolver os problemas todos", assume no seu discurso, o "ponto alto" da Festa do Pontal, mas que tem objetivos que já estão a ser cumpridos.

"Em 60 dias, já tivemos operações cirúrgicas em doenças oncológicos em mais de 20 mil. Em 60 dias, já acabámos com a lista de espera, com os doentes oncológicos, que ultrapassava o tempo máximo de resposta garantida. Foram intervencionados e alguns têm agendamento para as próximas semanas", assinala, acrescentando que está em marcha um plano para 75 mil novas cirurgias.

Problemas em ginecologia e obstetrícia "têm anos"

Ainda na área da saúde, o primeiro-ministro aponta para os problemas nas urgências de ginecologia e obstetrícia devido à falta de recursos humanos.

"O fenómeno, infelizmente, tem anos e nós ainda não o conseguimos resolver (...). É devida uma palavra de solidariedade, de conforto e de atenção às famílias que têm uma implicação por via destes episódios e de encerramentos", afirma.

Por isso, lembra, o Governo criou uma linha telefónica para as grávidas para terem atendimento especializado que as dirige para a unidade de saúde mais próxima.

"Desde o dia 1 de junho, já foram atendidas mais de 20.895 chamadas de grávidas portugueses. Dessas, 69,5% foram conduzidas para a urgência mais perto e quando chegaram à urgência já tinham uma equipa à sua espera. 14% foram encaminhadas para as unidades de saúde primária porque tinham problemas menos graves e quando lá chegaram tinha equipa à sua espera. 12% resolveram os seus problemas precisamente na chamada e, portanto, tiveram a oportunidade de resolver nas próprias residências o problema".

O Governo "não está distraído" nem a criar falsas expectativas, garante. No mesmo discurso, "aponta o dedo" ao anterior Executivo:

"A situação este ano é muito melhor do que era no ano passado. E no próximo ano eu vos prometo que vai ser melhor do que aquilo que é este ano".