No dia em que termina o prazo formal para apresentar as denúncias, Rute Agulhas explicou que, nos casos dos pedidos de indemnização, já foram ouvidas 32 pessoas, estando previsto que este trabalho continue até ao mês de julho, cabendo depois à comissão de instrução da Igreja Católica a responsabilidade de decidir a resposta a dar.

"Até ao momento, o grupo Vita recebeu um total de 128 pedidos de ajuda de vítimas de violência sexual no contexto da Igreja" e, destes, "71 são relativos também a uma possível compensação financeira, sendo que temos ainda algumas pessoas que afirmam estar a pensar" nessa opção, explicou Rute Agulhas, em declaração à Lusa.

"Imagino que este número possa subir nos próximos dias", reconheceu a psicóloga que coordena o grupo de peritos convidados pela Igreja para ouvir as queixas.

As pessoas que ainda não foram ouvidas deverão sê-lo nos próximos meses, até meados de julho, para que, "durante o mês de agosto, possamos terminar todos estes processos, escrever os respetivos relatórios e pareceres".

Essas conclusões serão depois entregues ao segundo grupo de trabalho da Igreja, que "poderá então tomar as decisões relativamente aos montantes a atribuir", acrescentou.

A data de hoje, apresentada como o prazo final para as denúncias, não é o limite último, admitiu Rute Agulhas.

"Nós apelamos a que as pessoas, que ainda estão eventualmente hesitantes, nos contactem durante o dia 31 ou nos dias a seguir", afirmou a dirigente, salientando que a definição de uma data de referência visou, principalmente, avaliar o universo de pedidos de indemnização, que serão apreciados depois pela comissão de instrução da Igreja Católica.

"As pessoas têm o seu tempo para o processo de tomar a decisão de falar. Estão anos e anos em silêncio e também não é assim, de repente, que se toma a decisão de falar", salientou.

No seu entender, é "preciso muita força e muita coragem" para denunciar e "é importante que as pessoas acreditem que este é um processo que tem estado de facto a correr bem".

A dirigente salientou que as pessoas que forem ouvidas "não têm que repetir o seu relato" para efeitos dos pedidos de indemnização, porque o relato fica documentado.

"Todas as situações que em que o suspeito está vivo, ou há a dúvida se está vivo ou morto, têm sido sempre reportadas à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Judiciária", explicou.

A "esmagadora maioria das situações já prescreveram do ponto de vista penal", mas, "não é o grupo Vita que tem legitimidade para determinar essa prescrição e, portanto, elas têm vindo sempre a ser reportadas", salientou Rute Agulhas.

Além disso, os casos têm sido sempre reportados à Igreja, para que sejam desencadeadas ações canónicas contra os suspeitos.

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