A polícia do Nepal prendeu mais de 100 pessoas no âmbito de violentos protestos pró-monárquicos que ocorreram na sexta-feira em Katmandu e que provocaram dois mortos e dezenas de feridos, disse à EFE uma fonte policial.

O superintendente distrital da polícia da capital nepalesa, Apil Raj Bohara, indicou que as detenções foram resultado de vários delitos, como ataques, vandalismo, fogo posto e pilhagem, durante os protestos de sexta-feira, quando se registaram confrontos violentos entre apoiantes da restauração da monarquia na figura do antigo rei Gyanendra e agentes das forças de segurança.

Os mortos são um fotojornalista que ficou queimado no interior de um edifício e um manifestante baleado.

Apenas 42 dos detidos foram levados aos tribunais nepaleses, enquanto ainda decorrem as investigações sobre os restantes presos.

A polícia emitiu hoje um aviso apelando ao público para fornecer vídeos, fotografias ou outras provas do envolvimento de pessoas em pilhagens e atos de vandalismo.

Centenas de imagens deste tipo surgiram nas redes sociais, na sexta-feira e no sábado, mostrando também as forças de segurança a dispersar os manifestantes com canhões de água e equipamento antimotim.

A noite de sexta-feira para sábado foi marcada por fortes medidas de segurança em Katmandu, onde o recolher obrigatório esteve em vigor até ao início da manhã de sábado.

Segundo Raj Bohara, pelo menos duas pessoas foram mortas e 128 ficaram feridas durante os protestos, entre as quais 77 polícias e 51 manifestantes.

Várias esquadras de polícia, gabinetes governamentais e veículos particulares foram incendiados ou danificados no decurso dos protestos.

Em Katmandu realizam-se esporadicamente manifestações que exigem a restauração da monarquia e a declaração do Nepal como um Estado hindu.

Embora a maioria das concentrações seja pequena, dezenas de milhares de pessoas reuniram-se em novembro de 2023 para a maior manifestação pró-monarquia dos últimos anos, da qual resultaram quase uma dúzia de feridos.

A Assembleia Constituinte do Nepal votou o fim da monarquia em 28 de maio de 2008, dois anos após o fim da guerra civil que deu início à atual República Democrática Federal, ao fim de 240 anos de monarquia.

A mais recente manifestação de monárquicos tinha ocorrido no aeroporto de Katmandu em 09 de março para dar as boas-vindas ao antigo monarca Gyanendra, que regressou após dois meses no oeste do Nepal.