Confirma-se a tendência crescente de partos por cesariana nas unidades de saúde em Portugal. Números da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) indicam que no total de crianças nascidas entre 2022 e 2023, 38% foram cesarianas. A percentagem é elevada e mantém Portugal entre os países europeus com piores resultados face à meta inferior a 20% recomendada pela Organização Mundial da Saúde.

Os dados divulgados esta quinta-feira indicam que nas maternidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) a taxa de nascimentos com intervenção cirúrgica foi de 31,9%. No setor privado o número chega a 64,8%. O recurso à cesariana foi urgente na grande maioria dos casos nas unidades públicas (65,2%) enquanto nos estabelecimentos fora da rede pública 54,3% dos partos cirúrgicos foram programados. “Globalmente, 50,8% das cesarianas ocorreram sem trabalho de parto, tendo sido mais frequentes nos privados (59,5%) do que no SNS (38,7%)”, lê-se na nota enviada às redações.

O recurso à cesariana é um indicador de qualidade dos cuidados prestados e no capítulo das fatalidades o regulador dá conta 738 óbitos fetais e neonatais (0,46%). A taxa foi mais elevada na região de Lisboa e Vale do Tejo (0,52%).

No geral, foram realizados 160.212 partos, dos quais 81,4% em estabelecimentos do SNS e 18,6% em unidades do setor privado. “A maioria dos 58 estabelecimentos de obstetrícia e neonatologia onde se realizaram partos encontrava-se nas regiões de saúde do Norte e de Lisboa e Vale do Tejo (74,1%).”

É ainda dada nota de que o Algarve e Lisboa e Vale do Tejo registaram rácios de partos superiores à média nacional (3,8%). “Foram registados 161.559 nascimentos, a maioria ocorreu na região de Lisboa e Vale do Tejo (43,9%) e o menor número no Alentejo (3,0%).”