Os políticos venezuelanos Edmundo González Urrutia e María Corina Machado são os vencedores do Prémio Sakharov, para a liberdade de pensamento, atribuído pelo Parlamento Europeu.
O anúncio foi feito ao final da manhã desta quinta-feira pela presidente do Parlamento Europeu. Roberta Metsola diz que Edmundo González e María Corina Machado representam todos os venezuelanos, dentro e fora do país, que lutam para restaurar a liberdade e a democracia.
“Edmundo e María têm continuado a lutar pela transição justa, livre e pacífica do poder e têm defendido destemidamente os valores que milhões de venezuelanos e este Parlamento tanto prezam: a justiça, a democracia e o Estado de direito”, afirmou no hemiciclo, em Estrasburgo, perante os eurodeputados, que se levantaram para aplaudir.
O vencedor do prémio Sakharov foi decidido pelos líderes dos vários grupos políticos. Entre os finalistas estavam também os movimentos israelita e palestiniano Women Wage Peace e Women of the Sun, e o académico e ativista anticorrupção do Azerbaijão, Gubad Ibadoghlu. Foram todos lembrados esta quarta-feira, no Parlamento Europeu.
“Gostaria de estender o apoio incondicional desta Assembleia aos outros finalistas do Prémio Sakharov”, afirmou Roberta Metsola. “Todos eles estão a defender corajosamente os direitos humanos e a liberdade de pensamento face a desafios inimagináveis”. No caso de Ibadoghlu, em prisão domiciliária, a maltesa adianta que “o estado de saúde se tem deteriorado significativamente" e apela “às autoridades do Azerbaijão que retirem todas as acusações” contra o ativista e levantem a proibição de viajar.
Todos serão agora convidados a estar presentes em Estrasburgo, dia 18 de dezembro, para a entrega do prémio. Fora do convite do Parlamento Europeu fica Elon Musk. Tinha sido nomeado ao Sakharov pelos grupos de extrema-direita: os Patriotas, a que pertence o Chega, e também o Europa das Nações Soberanas. Porém, por não ter chegado a finalista, não estará presente na entrega do galardão.
A candidatura de Edmundo González Urrutia e María Corina Machado ao prémio foi iniciativa da delegação do PSD, apoiada pelo CDS, e da delegação espanhola no Partido Popular Europeu, que depois a integrou como proposta una do grupo do PPE. A bancada dos Conservadores e Reformistas (direita-radical) tinha também proposto o nome do político venezuelano, que está exilado em Espanha e que é alvo de um mandado de captura, na sequência das eleições presidenciais nas quais a vitória reclamada por Nicolás Maduro é posta em causa internacionalmente, por observadores independentes, incluindo as Nações Unidas.
Em setembro, o Parlamento Europeu reconheceu também Edmundo González como presidente legítimo e democraticamente eleito da Venezuela e María Corina Machado como líder das forças democráticas no país. A resolução, cuja aprovação partiu a maioria pró-europeia e gerou polémica, condena ainda “a fraude eleitoral orquestrada pelo Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo regime” de Nicolás Maduro, "que se recusou a tornar públicos os resultados oficiais".
O prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento é a mais alta distinção da UE em matéria de direitos humanos. Recebe o nome do físico e dissidente político soviético Andrei Sakharov e é atribuído todos os anos, desde 1988, pelo Parlamento Europeu, associado a um prémio monetário de 50 mil euros. Distingue indivíduos e organizações pelo trabalho na defesa dos direitos humanos e dos direitos fundamentais. O primeiro vencedor foi o sul-africano Nelson Mandela.