Segundo fonte da Presidência da República, em carta assinada pelo chefe da Casa Civil, Fernando Frutuoso de Melo, e dirigida a André Ventura, informa-se que Marcelo Rebelo de Sousa poderá receber uma delegação do Chega na quarta-feira às 11:00 ou às 18:00 e pede-se que seja escolhida uma destas duas possibilidades e indicada a composição da delegação.

No sábado, na sequência de visitas do Presidente da República aos bairros do Zambujal e da Cova da Moura, onde residia e onde morreu Odair Moniz baleado pela polícia, o presidente do Chega considerou que Marcelo Rebelo de Sousa teve uma "atuação lamentável" e anunciou a intenção de lhe ir entregar um "protesto formal" ao Palácio de Belém na quarta-feira às 15:30, juntamente com todos os outros 49 deputados do seu partido.

A Presidência da República comunicou na sexta-feira à noite que o chefe de Estado iniciou as prometidas "visitas informais na zona da Grande Lisboa, tendo estado na Amadora, juntamente com o presidente da Câmara Municipal, no bairro do Zambujal, onde visitou a esquadra da PSP e conversou com diversos moradores daquele bairro, incluindo familiares de Odair Moniz", e que "também jantou na Amadora, onde visitou o quartel dos bombeiros".

Mais tarde, foi divulgada outra nota escrita a dar conta de que o Presidente da República, "acompanhado pelo presidente da Câmara da Amadora, visitou esta noite, depois de jantar na Damaia, o Bairro da Cova da Moura, onde contactou com vários moradores".

Já no sábado, a Presidência da República informou que Marcelo Rebelo de Sousa, também na noite anterior, falou "com a mãe de Tiago, motorista da Carris Metropolitana vítima do ataque ao autocarro que conduzia e que foi incendiado", junto de quem confirmou "a evolução positiva do seu estado de saúde, que tem vindo a acompanhar, respeitando as restrições próprias da hospitalização, desde o primeiro momento".

Estas visitas e contactos foram feitos sem anúncio prévio e sem a presença de comunicação social.

No sábado à noite, através de comunicado, o presidente do Chega anunciou que tencionava deslocar-se ao Palácio de Belém, acompanhado pelos outros deputados do seu partido, "na próxima quarta-feira, pelas 15:30", para entregar ao chefe de Estado "um protesto formal ao Presidente da República pela sua atuação lamentável face aos eventos ocorridos nas últimas semanas".

André Ventura acusou Marcelo Rebelo de Sousa de "lastimável parcialidade" face aos distúrbios na Grande Lisboa após a morte de Odair Moniz baleado pela PSP na Cova da Moura e manifestou a expectativa de "ser recebido pelo Presidente da República para entrega deste protesto formal, que também dará entrada na Assembleia da República".

Nesse comunicado, afirma-se que o Presidente da República foi ao bairro do Zambujal sem fazer "qualquer visita aos polícias envolvidos ou às vitimas da violência perpetradas por estes grupos", apesar da sua visita à esquadra da PSP e do contacto com a mãe do motorista que ficou gravemente ferido.

Na segunda-feira, o presidente do Chega alegou, em novo comunicado, que "a Casa Civil da Presidência da República informou, por carta, que a audiência foi rejeitada" e reiterou a intenção de se deslocar "na próxima quarta-feira, pelas 15:30, ao Palácio de Belém para entregar um protesto formal ao Presidente da República", com todos os outros deputados do seu partido.