A eventual saída de futebolistas do FC Porto na reabertura da janela de transferências, em janeiro de 2025, vai depender do pagamento das respetivas cláusulas de rescisão, assegurou, nesta sexta-feira, o presidente 'azul e branco', André Villas-Boas.

"Nesta fase, não estamos à espera de nenhum ataque aos nossos jogadores, mas, se assim for, remeteremos para as cláusulas de rescisão. Construímos esta equipa para atacar o campeonato e estamos confiantes e relativamente tranquilos de que assim se manterá até junho [do próximo ano]", reconheceu, em conferência de imprensa.

O dirigente falava durante a sessão de apresentação do relatório e contas da FC Porto SAD, que foi submetido na quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e contemplou um resultado líquido negativo de 21 milhões de euros (ME) na temporada 2023/24, face aos prejuízos de 47,627 ME no exercício anterior.

Apesar desse desagravamento de 26,627 milhões de euros, a sociedade gestora do futebol profissional 'azul e branco' averbou o terceiro resultado negativo em cinco épocas, após ter reagido ao maior prejuízo de sempre, de 116,16 ME, em 2019/20, com lucros em 2020/21, de 19,3 ME, e 2021/22, de 20,765 ME.

"Toda a atividade do FC Porto assenta em três eixos: direitos televisivos, apuramento para a Liga dos Campeões e transferências de jogadores. Esse sempre foi e será o grande bolo da nossa atividade económica. Por isso, quisemos construir uma equipa competitiva, ao fazer investimentos em jovens e baixando consideravelmente a média de idades da equipa principal. Sabemos que esta atividade vai gerar sempre receita. Depois, queremos melhorar e tornar mais eficaz a parte relacionada com a contenção de custos", apontou.

O balanço incide no período compreendido entre 1 de julho de 2023 e 30 de junho de 2024, mas só teve influência da administração liderada por André Villas-Boas a partir de 28 de maio deste ano, quando a anterior gestão de Pinto da Costa cessou funções.

"Tivemos um curto período de atividade, no qual nos dedicámos sobretudo a resolver os problemas de tesouraria do clube. Esse foi o período com mais impacto na nossa gestão diária e tivemos de agir de forma proativa com os sócios e adeptos, que subscreveram papel comercial na ordem dos 12 ME, permitindo continuar a nossa atividade corrente. Estávamos mais ou menos à espera [dos prejuízos], mas é evidente que ninguém gosta de receber a notícia de que não tínhamos nenhuma liquidez disponível", enquadrou.

O empréstimo de Villas-Boas

No mesmo mês em que tomou posse, Villas-Boas emprestou 500 mil euros à SAD, sem juros, com reembolso agendado para janeiro de 2025.

"Foi uma resposta a uma situação urgente de tesouraria, pelo que me disponibilizei como associado e não como presidente para fazer face a essa crise. Fi-lo de coração aberto e como portista que sou, sendo que voltaria a fazer em caso de necessidade", comentou.

O dirigente louvou a expansão do movimento associativo 'azul e branco', após as eleições mais participadas da história do clube, ao ocasionar a subida do universo de sócios (de 125.739 para 140.317) no primeiro trimestre de 2024/25, bem como uma maior quantidade (de 22.782 para 27.622) e receita (de 4,6 ME para 6,1 ME) de lugares anuais vendidos.

"Houve quase um renascer na forma como os associados se relacionam com o clube. Estamos a estudar do ponto de vista comercial para que sejamos a muito curto prazo o segundo clube com mais sócios em Portugal. O Benfica destaca-se largamente nesse sentido, mas queremos encurtar distâncias para o Sporting", afiançou.

Entre 01 de julho e 30 de setembro, a receita de bilhética cresceu em 68%, de dois ME para 3,4 ME, e as parcerias em corporate e publicidade passaram de 15,2 ME para 16,1 ME.

"Temos de agradecer muito esta nova forma de viver o FC Porto . Haverá associados que não se identificavam com a forma como o clube estava a ser gerido, mas muitos deles regressaram e temos um número extensivo a pedir para voltar a ser sócio", transmitiu.

- Com Lusa