O Presidente russo, Vladimir Putin, vai manter conversações em Moscovo, na terça-feira, com o sultão de Omã, Haitham bin Tarik, cujo país atua como mediador na questão nuclear iraniana, anunciaram hoje os dois países.

"No dia 22 de abril, Moscovo acolherá as conversações entre Vladimir Putin e o sultão de Omã Haitham bin Tarik al Said, que se encontra em visita de Estado à Rússia", declarou o Kremlin na rede social Telegram.

Os dois líderes discutirão a cooperação bilateral em várias áreas, incluindo a economia, e "questões atuais da agenda internacional", acrescentou.

As autoridades de Omã confirmaram a visita à Rússia na segunda e terça-feira.

"A visita constituirá uma oportunidade para discutir as áreas de cooperação entre os dois países em vários domínios e as formas de as reforçar para servir interesses comuns", afirmou o palácio do Sultão, num comunicado.

"Durante a visita, os dois líderes trocarão pontos de vista sobre uma série de questões regionais e internacionais atuais", acrescentou.

A visita ocorre numa altura de intensas negociações entre Washington e Teerão sobre o programa nuclear iraniano.

Hoje, em Roma, as delegações iranianas e norte-americanas, sob a mediação de Omã, vão realizar conversações cruciais.

A Rússia, que reforçou os seus laços com o Irão nos últimos três anos, indicou que está pronta a desempenhar "qualquer papel útil" nas negociações.

O chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, manteve conversações com Vladimir Putin esta semana na Rússia.

Os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, e Israel suspeitam que o Irão pretende adquirir armas nucleares. Teerão rejeita estas alegações e defende o seu direito à energia nuclear para fins civis.

Há uma semana, o Irão e os Estados Unidos realizaram uma reunião inicial em Omã que ambos os lados descreveram como construtiva, informou a agência de notícias iraniana IRNA.

As negociações decorrem indiretamente entre o Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, e o enviado especial norte-americano para o Médio Oriente, Steve Witkoff, mediadas por diplomatas de Omã.

Antes do encontro com o norte-americano, Araqchí encontrou-se com o seu congénere italiano, Antonio Tajani, a quem agradeceu pelo seu papel nesta segunda ronda de negociações.

Embora Teerão e Washington tenham considerado como construtiva a primeira reunião realizada há uma semana em Muscat (Omã), há diferenças quanto ao objetivo das negociações.

O Irão só quer negociar a limitação da sua capacidade nuclear e pretende e deixar o seu programa de mísseis e o apoio a grupos regionais, como os Huthis no Iémen ou o Hezbollah libanês, fora das discussões.

Os Estados Unidos levantaram a questão do desmantelamento do programa nuclear do Irão, além da questão dos mísseis e do apoio aos seus aliados na região.

"Exigências irrealistas (dos EUA) só reduzirão a possibilidade de se chegar a um acordo", disse, na sexta-feira, o principal diplomata do Irão, numa conferência de imprensa conjunta com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em Moscovo.

Araqchi criticou os Estados Unidos por enviarem mensagens confusas sobre as negociações nucleares, depois de Witkoff ter falado sobre o desmantelamento nuclear da nação persa, algo que ele nunca havia feito publicamente antes.

Por sua vez, o presidente dos EUA, Donald Trump, continua a ameaçar o Irão caso não chegue a um acordo, como fez na quinta-feira, quando declarou que não descarta um plano israelita para destruir as instalações nucleares iranianas.

Desde que regressou à Casa Branca, o presidente republicano retomou a sua política de "pressão máxima" contra o Irão, com pelo menos seis rondas de sanções para interromper a venda de petróleo iraniano.

Durante o seu primeiro mandato, Trump abandonou o pacto nuclear de 2015 assinado entre o Irão e seis potências, que limitava o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções.