Depois de 471 dias em cativeiro, três reféns do Hamas foram libertadas no domingo, naquele que foi o primeiro dia do cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista. O acordo prevê a libertação de outros 30 reféns nas próximas semanas.

Cerca de 250 pessoas foram raptadas durante o ataque do Hamas a 7 de outubro de 2023, que levou a 15 meses de guerra intensa. De acordo com o governo israelita, desde total, cerca de uma centena de reféns já foram libertados, resgatados ou os corpos recuperados; 94 permanecem em parte incerta, dos quais apenas 60 deverão estar vivos.

A libertação das três reféns no domingo marca o início da primeira fase do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. Mas quem são as três reféns libertadas?

Romi Gonen, 24 anos

Exército isrealita/AP

De acordo com a agência Associated Press, Romi Gonen foi raptada durante o festival de música Supernova, no sul de Israel, a 7 de outubro de 2023. Mais de 360 pessoas foram mortas no massacre cometido pelo Hamas.

A jovem, na altura com 22 anos, esteve ao telefone com a mãe, Meirav Gonen, e a irmã mais velha durante toda a manhã e após o primeiro ataque dos terroristas no festival de música no deserto.

Romi revelou à família que estava a tentar fugir do grupo armado, mas as estradas entupidas de carros abandonados impossibilitavam a fuga. A jovem estava no carro com as amigas quando disse à mãe que tinha sido atingida por uma bala e que estava a sangrar.

O carro foi encontrado vazio e o telemóvel localizado em Gaza, segundo a mãe.

Meirav Gonen descreveu a filha como uma rapariga forte e feliz, uma antiga conselheira dos escuteiros que ia frequentemente a raves e que sabia tomar conta de si própria. “A rapariga com o maior sorriso, a luz mais brilhante, a melhor amiga.”

Emily Damari, 28 anos

ISRAEL DEFENSE FORCES

Um dia depois de ser libertada, Emily Damari disse estar muito feliz por estar novamente com a família e amigos. “Estou mais feliz do que nunca. Agradeço à minha família e aos meus melhores amigos", disse a jovem numa publicação nas redes sociais, na qual sublinhou que voltou a viver.

A cidadã britânico-israelita foi raptada do seu apartamento no kibbutz Kfar Aza, uma comunidade agrária atingida pelo ataque de 7 de outubro. A última mensagem que enviou à mãe, Mandy Damari, foi um emoji de coração.

A mãe de Emily disse que a filha adora música, viajar, futebol, boa comida, karaoke e chapéus. Era ela que mantinha unido o seu grupo de amigos e estava sempre a organizar encontros.

Mãe e filha reuniram-se este domingo, após 471 dias em cativeiro. As fotografias divulgadas do momento mostram Emily com a mão envolta em ligaduras. Segundo Mandy, a filha perdeu dois dedos depois de ser baleada na mão pelo Hamas.

Doron Steinbrecher, 31 anos

Exército isrealita/AP

Doron Steinbrecher também estava na sua casa no kibbutz Kfar Aza quando o grupo terrorista invadiu a aldeia, mantando e raptando dezenas dos residentes.

A enfermeira veterinária, com dupla nacionalidade romeno-israelita, ligou para a mãe na manhã de 7 de outubro de 2023. “Mãe, estou assustada. Estou escondida através de uma cama e ouço-os a tentar entrar no meu apartamento”, as palavras foram reveladas pelo seu irmão, Dor.

Doron conseguiu ainda enviar uma mensagem de voz aos amigos, momentos antes de ser raptada: “Eles apanharam-me! Eles apanharam-me! Eles apanharam-me!”

Steinbrecher apareceu num vídeo divulgado pelo Hamas a 26 de janeiro de 2024, juntamente com duas militares israelitas. O irmão de Doron disse que o vídeo deu esperança de que estava viva, mas deixou a família ainda mais preocupada com o seu bem-estar.

Os militantes do Hamas mataram 64 pessoas e 22 soldados, e raptaram 19 pessoas do kibbutz Kfar Aza a 7 de outubro. Com o regresso de Doron e Emily, há ainda três membros do kibutz detidos em Gaza: o americano-israelita Keith Siegel, 65 anos, e os gémeos Gali e Ziv Berman, 27 anos.

O acordo de cessar-fogo em Gaza

Na primeira fase do acordo, Israel e o Hamas acordaram um cessar-fogo de seis semanas, que prevê uma troca gradual de 33 reféns israelitas por mais de 1.900 prisioneiros palestinianos.

Durante estas seis semanas, prevê-se ainda a realização de negociações para uma segunda fase das tréguas, na qual estaria concluída a libertação de todos os reféns israelitas em Gaza e lançadas as bases para o fim da guerra.