Pode uma espécie animal extinta em 1627 correr, de novo, pelas margens do Rio Côa? A resposta é simples: Pode. 400 anos depois, o grande auroque, profusamente representado nas gravuras rupestres do Côa, foi recriado por uma equipa de geneticistas dos Países Baixos e está a ser reintroduzido em diferentes ambientes selvagens da Europa.

No nosso país, a reintrodução do "Taurus" - nome dado ao auroque versão 2.0 - é da responsabilidade da Rewilding Portugal, uma organização não governamental cuja missão é renaturalizar o Vale do Côa, numa extensão de mais de 100 km. O processo tem tanto de fascinante como de polémico.

Pedro Prata, responsável pela presença dos Taurus no Vale do Côa, diz que as raças autóctones de bovinos jamais conseguiriam sobreviver em ambiente selvagem. O director-geral da "Rewilding Portugal" não vê entraves éticos à recuperação de uma espécie que foi declarada extinta há quase 400 anos.

Auroques, bisontes e cavalos selvagens: a reintrodução de manadas de grandes herbívoros está a revitalizar o Vale do Côa. A "Rewilding Portugal" acaba de comprar a um produtor alemão sete éguas de raça Sorraia, uma das mais ameaçadas de extinção. Estima-se que existam apenas cerca de 150 cavalos Sorraia em todo o mundo, o que se significa que são todos primos ou irmãos.

Em apenas 10 anos, os municípios do Vale do Coa, que se espraiam por 125 quilómetros de rio, perderam 15% da população.

Terras e atividades agrícolas foram votadas ao abandono. Hoje, graças à "Rewilding Portugal", uma organização não governamental (ONG) vocacionada para renturalização da paisagem, começam a surgir novos projetos e oportunidades.

Ficha Técnica:

Jornalista: Carlos Rico

Imagem: Carlos Artur Carvalho

Edição de imagem: Francisco Carvalho

Grafismo: Rui Aranha

Produção: Diana Matias

Colorista: Jorge Carmo

Pós-Produção áudio: Octaviano Rodrigues

Imagens drone:4KFLY

Coordenação: Miriam Alves

Direção: Marta Brito dos Reis e Bernardo Ferrão