Liz Cheney, uma das vozes mais críticas entre republicanos contra Donald Trump, junta-se esta sexta-feira à candidata democrata Kamala Harris num evento de campanha no Wisconsin, para atrair os eleitores moderados e travar o ex-presidente, que procura votos no Michigan.

Cheney foi a principal republicana na comissão da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso) que investigou a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, o que gerou descontentamento por Trump e a fez 'exilar-se' efetivamente do seu próprio partido.

A advogada perdeu o seu lugar no Wyoming para um candidato apoiado por Trump há dois anos e manifestou, no mês passado, apoio a Harris.

As duas mulheres vão aparecer juntas numa histórica escola em Ripon, onde uma série de reuniões realizadas em 1854 para se oporem à expansão da escravatura levaram ao nascimento do Partido Republicano.

Harris arranca esta quinta-feira uma estadia de dois dias em Wisconsin e Michigan, e Trump estará também em Michigan, com os dois candidatos presidenciais em luta por vitórias em estados que eram tradicionalmente democratas, chamados 'blue wall'(parede azul, em português), que também incluem a Pensilvânia.

O Presidente Joe Biden destacou hoje que não está preocupado com a possibilidade da disputa Trump-Harris ir até ao limite, porque é "sempre apertada".

Sobre o debate do parceiro de corrida de Kamala Harris, o governador do Minnesota, Tim Walz, contra o candidato republicano à vice-presidência, JD Vance, na terça-feira, Biden deu uma boa nota.

"O outro tipo perdeu o debate. Ele deturpou tudo", vincou.

A visita de Harris ao Wisconsin acontece também um dia depois de um juiz federal ter revelado um processo judicial de 165 páginas que descreve o caso dos procuradores contra Trump pela sua tentativa de reverter a sua derrota nas eleições de 2020. Trump declarou-se inocente das acusações de conspiração e obstrução.

É invulgar que um candidato se aproxime das origens do partido adversário nas últimas semanas de uma campanha presidencial.

Além disso, o nome Cheney já foi uma maldição para os democratas que criticavam Dick Cheney, o pai de Liz, pelo seu papel como vice-presidente na administração de George W. Bush.

Mas agora ambos os Cheney apoiam Harris, fazendo parte de um grupo de atuais e antigos responsáveis republicanos que romperam com a grande maioria do seu partido, que permanece ao lado de Trump.

Harris quer retratar a sua candidatura como uma escolha patriótica para os eleitores independentes e conservadores que ficaram perturbados com a relutância de Trump em ceder o poder. Trump continua a negar a sua derrota, com alegações de fraude eleitoral em 2020 que nunca comprovou.

A atual vice-presidente e candidata realiza na sexta-feira um comício de campanha em Flint, no Michigan, continuando a sua visita aos estados que foram essenciais para as vitórias democratas.

Trump venceu na Pensilvânia, Wisconsin e Michigan em 2016, e Joe Biden venceu-os em 2020.

O magnata realiza ainda hoje um comício no condado de Saginaw, um termómetro no centro do Estado. O candidato republicano aumentou o seu foco no Michigan, realizando dois comícios no local há menos de uma semana. Em 2020, a vitória de Biden no condado de Saginaw, por apenas 303 votos, contribuiu para a sua vitória no Estado.