A Diocese de Roma denunciou um falso bispo, que se definia como “exorcista do Vaticano”, conhecido por organizar retiros e exorcismos num hotel em Fátima. Roma reportou o caso como uma fraude, garantindo que não tem autorização para realizar celebrações religiosas em nome da Igreja Católica.
Em junho do ano passado, a Diocese de Leiria-Fátima tinha resolvido demarcar-se de uma série de encontros mensais que se realizam num hotel na cidade dos peregrinos, com o mote “Cura e Libertação”. Em comunicado assinado por Jorge Manuel Faria Guarda, então vigário-geral da diocese, é ainda referido o envolvimento de um “falso” seminarista amigo do Papa, Francisco Marques, e de um bispo “que se apresenta como exorcista do Vaticano, de nome Salvatore Micalef”.
O italiano Salvatore Micalef, de 50 anos, atua ao abrigo da suposta organização intitulada Prelatura Católica de São Pedro e São Paulo.
A diocese de Roma publicou um comunicado, no início do mês, a demarcar-se de Micalef: “Informa-se que o senhor Salvatore Micalef, autoproclamado patriarca e bispo da Prelatura Católica de São Pedro e São Paulo, não está em comunhão com a Igreja Católica e não possui as faculdades ministeriais necessárias para administrar os sacramentos. Consequentemente, não pode participar nem celebrar os sacramentos da fé católica no território da Diocese de Roma”.
Os eventos são ainda organizados por Francisco Marques, um jovem português que se apresenta como seminarista e amigo do Papa Francisco.
Segundo a diocese de Leiria-Fátima, “Francisco Marques não é seminarista em nenhum seminário, nem de Portugal nem da diocese de Roma”, sendo antigas as fotografias em que surge ao lado do Papa - elas estão em vários locais na Internet e Marques publicou, inclusivamente, um livro com o título “O Amigo de Francisco - Como um seminarista se tornou amigo do Papa”. Os encontros de Francisco Marques com o Papa foram “acidentais”, tendo ocorrido “em audiências gerais”, o que não serve “para credibilizar uma atividade que não está em comunhão com a Igreja”, sustenta a mesma diocese.
“Salvatore Micalef, tendo sido ordenado padre e bispo sem o mandato do Santo Padre [já excomungado da Igreja], não está em comunhão com a Sé Apostólica”, rematava em junho de 2023 a Diocese de Leiria-Fátima, esclarecendo que nada tem a ver com a organização destes encontros “dos quais nunca teve conhecimento oficial”.
Em janeiro deste ano, o Correio da Manhã noticiou o regresso do falso bispo a Portugal para um retiro num hotel perto do Santuário de Fátima. Era solicitado um donativo entre os 15 e os 20 euros a cada participante.
Ouvida pelo Expresso, a diocese de Fátima demarca-se também “claramente” destes retiros, que interpreta como “realizados fora da comunhão eclesial”.
Notícia editada às 18h30, retirando referência a um congresso realizado em Fátima em 2024, mas que não tem nenhuma relação com este evento. Pedimos desculpa aos leitores e visados pelo facto.