
Ana Gomes
"Paulo Raimundo explicou-se bem naquilo que é explicável. Há coisas que não são explicáveis e que são estucadas fáceis, e que Rui Rocha não resistiu a dar, designadamente no final, com a invocação da Ucrânia. Era uma estucada óbvia, fácil, como Paulo Raimundo dizia. A política neoliberal tem um resultado desastroso, e Rui Rocha contrapôs que o Estado está na habitação através dos impostos pesados. Mas esse não é um Estado que regule; é um Estado que vai buscar dinheiro à habitação, mas não regula, e absteve-se de regular durante décadas — e por isso é que estamos hoje com uma crise dramática. Penso que aí Paulo Raimundo esteve particularmente bem."
Miguel Morgado
"Dei 3-0 ao Rui Rocha por várias razões. Paulo Raimundo não tem programa. Tem um modelo de desenvolvimento puramente ideológico, derrotado pela história 100 vezes, e quando tem, quer falar de medidas e setores concretos. A única coisa que ele tem para dizer é que o salário tem que aumentar. Paulo Raimundo tem uma abordagem ao debate; não sei se é por ter tantos comentadores a elogiá-lo pelas prestações anteriores, mas sentiu-se tão confiante que depois fez uma figura que foi um desastre. Paulo Raimundo nem sequer foi capaz do autocontrole e do autodomínio de outros debates."
Ricardo Costa
"Na próxima crise política, eu acho que Rui Rocha e Paulo Raimundo já vão poder estar a fazer debates de primeira linha. Ainda não chegaram lá, mas estão muito melhores que há um ano. Há um ano, Paulo Raimundo era um líder, do ponto de vista televisivo e de debates, muito sofrível, para não dizer abaixo disso. Hoje, mostrou estar mais à vontade na sua capacidade argumentativa, dentro das limitações ideológicas e programáticas que o PCP tem. O Rui Rocha também está melhor do que ontem [no debate com Pedro Nuno Santos, do PS]. Rui Rocha, muitas vezes, entra num debate com uma espécie de argumento pré-definido e, se de repente, o debate segue outro caminho, ele fica com muita dificuldade em contra-argumentar, e isso não há sentido de humor que o falte."