O Governo da Coreia do Sul convocou o embaixador russo para pedir explicações pela recente colaboração entre a Rússia e a Coreia do Norte, exigindo a “retirada imediata” das cerca de 1.500 tropas norte-coreanas que estarão a ser treinadas para apoiar os russos na guerra na Ucrânia.
Segundo tem sido avançado por agências internacionais, e entretanto confirmado pela Coreia do Sul, o regime de Pyongyang está preparado para apoiar mais ativamente as tropas russas no terreno, estando prevista a mobilização de soldados na invasão ucraniana. Alguns órgãos de comunicação sul-coreanos chegaram a avançar que o número de forças da Coreia do Norte na guerra pode chegar às 12.000.
Esta segunda-feira, segundo a BBC, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros sul-coreano, Kim Hong-kyun, alertou os russos que Seul iria “responder com todas as medidas apropriadas”. “Isto ameaça gravemente, não só a Coreia do Sul, mas toda a comunidade internacional”, acrescentou.
Zinoviev apontou, citado pela emissora britânica, que a colaboração entre os dois regimes totalitários ocorre “dentro da estrutura da lei internacional”. Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, garantiu na sua conferência de imprensa diária que a cooperação entre Coreia do Norte e Rússia “não é dirigida contra países terceiros” e que “não devia preocupar ninguém”. Mas nenhum confirmou se, de facto, serão mobilizados soldados norte-coreanos para combater na Ucrânia.
O regime liderado por Kim Jong-un também não confirmou as alegações.
A confirmar-se, o destacamento de soldados para o terreno simbolizaria um novo passo na relação amistosa entre Vladimir Putin e o ditador norte-coreano. Os dois líderes têm tido encontros cada vez mais frequentes e, em junho, assinaram um novo acordo militar, no qual acordaram proteger um do outro de “agressões”. O pacto foi recentemente ratificado pelo Presidente russo.
Vários países ocidentais e a Ucrânia acusam Pyongyang de fornecer armas e drones para a Rússia usar na sua invasão. E o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, avisou esta segunda-feira, durante uma chamada com o Presidente da Coreia do Sul, que o envio de tropas para combater do lado da Rússia “marcaria uma escalada significativa” do conflito.
Os Estados Unidos e o Japão fizeram declarações de condenação semelhantes em relação ao possível apoio militar da Coreia do Norte. Já a China, principal parceira diplomática de Pyongyang, apontou apenas que espera que todas as partes trabalhem para uma solução diplomática e pacífica para a guerra na Ucrânia.
Líderes europeus exaltam referendo na Moldova, apesar de “ameaça híbrida” da Rússia
Na sequência da vitória do “sim” no referendo para a adesão à União Europeia (UE) na Moldova, uma vitória renhida confirmada esta segunda-feira pela comissão eleitoral moldava, os líderes europeus correram a felicitar a escolha do país e a Presidente Maia Sandu, e elogiaram o povo da Moldova por recusar uma alegada influência russa nas eleições.
O presidente do Conselho Europeu felicitou a população da Moldova pela “escolha pró-europeia” no referendo realizado no domingo, apesar das “interferências externas evidentes”, enaltecendo o “sinal do compromisso” com o projeto europeu. “Felicito a escolha pró-europeia dos cidadãos da Moldova na sequência de um referendo à [inclusão na Constituição da adesão à] União Europeia, apesar das interferências externas evidentes”, escreveu Charles Michel na rede social X (antigo Twitter).
A decisão da população, que decidiu “sim” à inclusão do processo de adesão na Constituição com 50,45% dos votos expressos, é “um sinal do compromisso com o percurso europeu e com a necessidade de prosseguir com as reformas necessárias para lá chegar”, acrescentou o presidente cessante do Conselho Europeu (que em dezembro será sucedido pelo português António Costa).
“A União Europeia está pronta para apoiar a Moldova e assegurar um futuro europeu comum, em benefício de todos”, sustentou Charles Michel.
O alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros também parabenizou a Moldova por conseguir, apesar das “ameaças híbridas” da Rússia, realizar o referendo sobre a inclusão na Constituição da adesão à UE como objetivo nacional.
“As autoridades da Moldova conseguiram levar a cabo com sucesso eleições e um referendo constitucional, apesar das ameaças híbridas da Rússia e dos seus agentes”, escreveu Josep Borrell na rede social X. O chefe da diplomacia europeia acrescentou que a UE “está empenhada” no apoio à “resiliência, segurança e democracia Moldova” no caminho rumo à adesão ao bloco comunitário.
Com cerca de 2,5 milhões de habitantes, a Moldova situa-se entre a Roménia e a Ucrânia. A região separatista moldava da Transnístria ganhou destaque após o início da guerra na Ucrânia (em fevereiro de 2022) devido aos laços com a Rússia e à sua importante posição geoestratégica.
Kiev chegou mesmo a denunciar alegadas incursões russas na Ucrânia ocidental a partir da região separatista. A Rússia mantém um contingente de 1.500 soldados na Transnístria, cujos separatistas pró-Moscovo controlam o território desde a guerra civil na Moldova, em 1992.
Outras notícias
> Pelo menos duas pessoas morreram e outras 15 ficaram feridas hoje num ataque russo a uma zona residencial da cidade de Zaporijia, no sudeste da Ucrânia, segundo o governador da região, Ivan Fedorov. Já em Kharkiv, uma série de bombardeamentos feriu nove pessoas e cortou o fornecimento de energia elétrica a uma parte considerável da cidade, a segunda maior da Ucrânia;
> O autarca de Kiev, Vitaly Klitschko, confirmou esta segunda-feira que a defesa antiaérea ucraniana conseguiu repelir um ataque aéreo por volta da meia-noite, depois de as autoridades da capital do país terem apelado às pessoas para “ficarem nos abrigos”;
> A Rússia lançou no domingo à noite um novo ataque contra a Ucrânia com 116 'drones', dos quais 59 foram abatidos pelas defesas aéreas ucranianas e outros 45 perderam capacidade devido às medidas de guerra radioeletrónica aplicadas. De acordo com o relatório da Força Aérea Ucraniana, os 'drones' abatidos foram intercetados sobre o território das regiões ucranianas de Odessa, Mikolayiv e Kherson (sul), Vinitsia e Khmelnytsky (oeste), Kiev e Chernihiv (norte), Kirovograd, Zhytomyr, Cherkassy e Poltava (centro) e Sumi (nordeste);
> O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, inaugurou esta segunda-feira um novo quartel-general tático da Marinha alemã que vai servir a NATO, na cidade de Rostock, no nordeste do país e nas margens do Mar Báltico. O ministro da Defesa argumentou que o Báltico é uma zona de grande importância geopolítica e “uma frente de defesa coletiva contra as ameaças em evolução”, alegando que a segurança nesta zona, em particular contra uma possível ameaça da Rússia, é indissociável da segurança de todo o continente.