Pelo menos 94 pessoas morreram e outras 768 ficaram feridas durante a passagem do ciclone Chido no norte e centro de Moçambique, indicam dados atualizados este domingo pelas autoridades moçambicanas.

O ciclone Chido afetou ainda 622.610 pessoas, o correspondente a 123.704 famílias, nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, no norte, e Tete e Sofala, no centro, segundo o novo balanço do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) de Moçambique, divulgado hoje, com dados preliminares até às 18:00 (menos duas horas em Lisboa) de sábado.

Do total de óbitos confirmados, 84 registaram-se em Cabo Delgado, sete em Nampula e três em Niassa.

No balanço anterior, com dados até sexta-feira, o INGD apontava 76 mortos e 380.147 pessoas afetadas, correspondente a 75.182 famílias, em consequência do ciclone tropical, que se formou em 05 de dezembro no sudoeste do oceano Indício e entrou no domingo passado pelo distrito de Mecúfi, em Cabo Delgado, "com ventos que rondaram os 260 quilómetros por hora" e chuvas fortes.

Segundo as autoridades, no novo balanço, o ciclone Chido destruiu totalmente 111.145 casas e parcialmente outras 29.483 - totalizando quase o dobro face ao dia anterior -, afetou 52 unidades hospitalares, 35 casas de culto, 11 torres de telecomunicação e 89 edifícios públicos.

UNICEF MOZAMBIQUE/Reuters

Os dados apontam ainda para um total de 109.793 alunos, 1.556 professores, 1.126 salas de aula e 250 escolas afetadas, além de 338 postes de energia tombados e 454 embarcações de pesca danificadas.

O Presidente moçambicano lamentou a morte provocada pelo ciclone e a destruição de infraestruturas, incluindo escolas, hospitais e outros edifícios públicos e privados e pediu a solidariedade dos moçambicanos para com as vítimas.

"Vamos imediatamente priorizar o apoio na reposição de abrigos, habitações, alimentação, energia, água e distribuição de sementes para além dos outros apoios que estão a acontecer", declarou Filipe Nyusi, na sua comunicação ao país, alusiva à quadra festiva.

Na sexta-feira o chefe de Estado visitou Mecúfi, o distrito mais afetado pelo ciclone, em Cabo Delgado, com registo mais de meia centena de mortos e a destruição quase total de casas e infraestruturas.

O ciclone tropical intenso Chido, de escala 3 (1 a 5), atingiu a zona costeira do norte de Moçambique na noite de sábado para domingo passado, segundo o Centro Nacional Operativo de Emergência (CNOE), mas enfraqueceu para tempestade tropical severa, apesar de ter continuado a fustigar as províncias a norte, com "chuvas muito fortes acima de 250 mm [milímetros]/24 horas, acompanhada de trovoadas e ventos com rajadas muito fortes".

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.