Devido ao surto da febre catarral ovina, conhecida como doença da língua azul, que já vitimou cerca de 40 mil animais em todo o país, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) exige “ajudas para ultrapassar a situação económica e financeira gerada por esta epidemia” e a vacinação obrigatória contra o serotipo 3 da doença para ovinos e bovinos.

Em comunicado de imprensa, a CAP afirma que de acordo com os dados recolhidos nas suas associadas e com base nas estatísticas no mesmo período do ano passado, a doença da língua azul “já terá vitimado até ao dia de hoje cerca de 40 mil animais” em todo o território nacional.

Segundo a CAP, o Sistema de Recolha de Cadáveres de Animais Mortos na Exploração (SIRCA), “não tem tido capacidade” para processar o número elevado de animais mortos na sequência da epidemia de febre catarral ovina que atinge todo o Portugal continental, afirmando que “o referido sistema não está dimensionado para uma situação catastrófica como a atual”. Muitos dos animais mortos por este surto terão de ser enterrados nos terrenos dos seus proprietários por incapacidade operacional do SIRCA.

“É imprescindível que o Governo decrete de imediato a vacinação obrigatória contra serotipo 3 da doença da Língua Azul para ovinos e bovinos, para tanto incluindo-a no Programa de Sanidade Animal (PSA) e disponibilizando-a sem encargos para os produtores. A par desta medida urgente, deve também o Estado português coordenar e executar ações estratégicas de desinsetização por forma a eliminar o maior número possível de mosquitos transmissores deste vírus”, afirmou a CAP em comunicado.

Para além da vacinação obrigatória, o CAP exige ainda a revisão do “encabeçamento mínimo para validar as medidas para assegurar a continuidade das explorações e a sua sustentabilidade económica” e a instituição de um regime de exceção quanto ao cumprimento do intervalo entre partos evitando que “os produtores sejam ainda mais prejudicados, ficando impossibilitados de concorrer aos referidos apoios”.

Para travar esta doença de forma natural eram precisos pelo menos dez dias com temperaturas abaixo dos 10/11 graus celsius. Enquanto estas condições climatéricas não se verificarem, e enquanto as vacinas não forem administradas, a CAP prevê que “a situação se possa agravar substancialmente". Os prejuízos já ascendem a cerca de “6 milhões de euros” e colocam , segundo a CAP, “o setor numa situação sanitária preocupante” com ameaças à sustentabilidade das explorações pecuárias.

Para que existam estatísticas da dimensão real do surto, a Confederação faz um apelo aos agricultores para “declarem os casos de doença”, de forma a que os mecanismos de apoio existentes possam ser “devidamente acionados”.

O surto da Língua Azul é uma doença transmitida por picada de mosquito com elevada taxa de mortalidade em ovinos, mas que não se transmite nem entre animais nem a humanos.