No sprint final da campanha eleitoral norte-americana, os candidatos apostam todas as fichas, com Donald Trump a repetir gaffes e Kamala Karris a conquistar o voto feminino. O discurso do candidato republicano à presidência dos EUA acontece depois da mais recente sondagem ter apontado Kamala Harris como favorita no estado do Iowa, com tendência tradicionalmente republicana. "Eu não deveria ter saído da Casa Branca, honestamente. Tínhamos a fronteira mais segura da história do nosso país no dia em que eu saí", declarou Donald Trump este domingo num comício em Lititz, na Pensilvânia.
O antigo Presidente dos EUA reiterou, assim, aquilo que terá dito a um assessor em 2020, após as eleições, segundo revelou um livro da jornalista do “New York Times” Maggie Haberman. “Eu simplesmente não vou sair. Nós nunca vamos embora. Como posso sair se ganhei a eleição?”, disse na altura Trump a um dos seus assessores, poucos dias após ter sido derrotado por Joe Biden. O reconhecimento tardio da derrota eleitoral levou, aliás, ao ataque ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2021, com apoiantes de Trump a contestarem os resultados.
Trump parece apostar, assim, na estratégia de há quatro anos, quando acusou a campanha adversária de fraude generalizada nas eleições dos EUA. E volta a alimentar teorias da conspiração e a acenar com o fantasma de uma vitória ilegítima dos democratas, desta vez com Harris como candidata presidencial. "Os democratas são um partido demoníaco. Kamala, estás despedida!", atirou, considerando que a vice-presidente fez um “péssimo trabalho” com Biden e só poderá sair vencedora com fraude.
Por outro lado, aposta também na estratégia de vitimização, assumindo-se como o “salvador” de uma América “perdida” para criminosos. No comício em Lititz, apontou para o vidro à prova de bala que o protege nos comícios ao ar livre, desde que foi alvo de uma alegada tentativa de assassinato em Butler. " Coloquei tudo em risco por vocês, incluindo a minha própria vida, há que dizê-lo. Para chegar até mim, alguém teria agora que atirar notícias falsas, e eu não me importo. Não tinha que estar aqui hoje com vocês, podia estar numa linda praia com a minha maravilhosa pele branca a bronzear-me ”, afirmou ainda, num discurso confuso e rouco.
Embalada pela mais recente sondagem da empresa Des Moines Register/Mediacom, que dá 47% das intenções de voto a Harris em Iowa contra 44% para Trump, a candidata democrata aposta tudo no voto feminino. Para isso, defende o direito ao aborto e o papel das mulheres e dos imigrantes. “A minha mãe, a Dra. Shyamala Gopalan Harris, chegou aos EUA sozinha da Índia aos 19 anos. A sua coragem e determinação fazem de mim o que sou hoje”, escreveu nas redes sociais.
Em Washington, milhares de mulheres manifestaram-se este domingo nas ruas, em defesa dos seus direitos, num gesto de apoio a Kamala Harris, recusando que o país “recue” em 2024. Segundo a CNN, ambas as campanhas estão a apelar também ao voto no Estado do Michigan, onde os eleitores árabes podem ser fundamentais, numa altura em que a maioria das sondagens aponta para um empate técnico, com tendência ligeiramente mais favorável a Donald Trump.