Trabalhadores por toda a Ásia assinalaram hoje o 1.º de Maio com marchas e protestos que evidenciaram o crescente desconforto com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o receio de instabilidade económica global.

O feriado, também conhecido como Dia Internacional dos Trabalhadores ou Dia do Trabalho, homenageia as lutas e conquistas dos trabalhadores e do movimento trabalhista.

São esperadas manifestações em todo o mundo, incluindo na Europa e nos Estados Unidos.

Em vários países asiáticos, a agenda de Trump foi citada como uma fonte de preocupação.

Em Taiwan, o Presidente Lai Ching-te referiu-se às novas tarifas impostas por Trump ao promover uma proposta de lei de despesas destinada a estabilizar o mercado de trabalho e a apoiar os meios de subsistência.

Nas Filipinas, o líder do protesto, Mong Palatino, avisou que "as guerras tarifárias e as políticas de Trump" ameaçavam as indústrias locais.

No Japão, houve quem dissesse que as políticas de Trump pairavam sobre o dia como uma sombra, segundo a agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).

Um camião da marcha de Tóquio ostentava um boneco parecido com o Presidente dos Estados Unidos.

As exigências dos participantes nas marchas no Japão iam desde salários mais altos e igualdade de género a cuidados de saúde, ajuda em caso de catástrofe, um cessar-fogo em Gaza e o fim da invasão russa na Ucrânia.

"Para que os nossos filhos possam viver com esperança, os direitos dos trabalhadores têm de ser reconhecidos", disse Junko Kuramochi, membro de um grupo de mães em Tóquio.

Tadashi Ito, um trabalhador sindicalizado da construção civil, disse estar preocupado com o aumento dos preços das matérias-primas importadas.

"Toda a gente está a lutar por trabalho e, por isso, os contratos tendem a ir para onde os salários são mais baratos", afirmou, citado pela AP.

"Pensamos que a paz está em primeiro lugar. E esperamos que Trump erradique os conflitos e as desigualdades", acrescentou.

Sob um céu nublado, cerca de 2.500 sindicalistas marcharam em Taipé, representando setores que vão das pescas às telecomunicações.

Os manifestantes alertaram que as tarifas de Trump podem custar postos de trabalho em Taiwan.

"É por isso que esperamos que o governo possa propor planos para proteger os direitos dos trabalhadores", disse o líder sindical Carlos Wang.

Um sindicato de trabalhadores do setor automóvel exibiu um carro recortado com uma fotografia de Trump.

Em Manila, milhares de trabalhadores filipinos marcharam perto do palácio presidencial, onde a polícia bloqueou o acesso com barricadas.

Os manifestantes exigiram salários mais elevados e uma maior proteção dos empregos e das empresas locais.

Na Indonésia, o Presidente Prabowo Subianto saudou milhares de trabalhadores que o aplaudiram no Parque do Monumento Nacional de Jacarta.

"O governo que lidero vai trabalhar para eliminar a pobreza da Indonésia", disse Subianto à multidão.

De acordo com o presidente da Confederação dos Sindicatos Indonésios, Said Iqbal, cerca de 200.000 trabalhadores terão participado nas marchas do 1.º de Maio na maior economia do Sudeste Asiático.

Na Turquia, a data serviu não só para os direitos laborais, mas também para apelos mais alargados à defesa dos valores democráticos, uma vez que os manifestantes planeavam protestar contra a prisão do presidente da câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu.

A prisão do opositor do regime, em março, desencadeou os maiores protestos do país em mais de uma década, e o feriado de hoje ofereceu a perspetiva de novas manifestações contra o governo.

As autoridades bloquearam o acesso ao centro de Istambul e fecharam as vias de trânsito.

Uma associação de advogados afirmou que mais de 200 manifestantes foram detidos perto da Praça Taksim, um ponto de encontro simbólico há muito vedado às concentrações do 1.º de Maio.