A UMAR Madeira, através de um comunicado de imprensa, lamenta a morte da criança de 12 anos no Funchal, que "tudo indica ter posto termo à sua vida. Esta menina sofria bullying (violência entre pares) e estava deprimida." A notícia foi avançada pelo DIÁRIO na edição impressa desta quarta-feira.

Na nota, a UMAR afirma que tem vindo a se pronunciar desde "há muito tempo" pela necessidade urgente de apoiar a prevenção primária da violência nas escolas da Região Autónoma da Madeira, realizada por associações com experiência e especialização na área e no âmbito da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento. "Esta prevenção só pode ser eficaz e surtir efeito na consciencialização e mudança de mentalidades se for feita de forma abrangente, holística e contínua, porque não há mudanças da noite pró dia, com apenas algumas ações de sensibilização. Na base de tudo, estão os direitos humanos e o respeito por todas as pessoas. Por sua vez, esta prevenção deverá ser feita em conjunto com docentes, psicólogos/as e toda a comunidade educativa, assim como incidir também nas famílias. Estes/as técnicos/as especializados/as servem também como sinalizadores/as de problemas que ocorrem na escola e nas casas das crianças e jovens."

Defende que "é necessário dar mais espaço às crianças e jovens para se expressarem de forma segura e sem se sentirem julgados/as, de maneira a percebermos efectivamente o que se passa no seu mundo, interior e exterior. Nem sempre os apelos e lamentos das crianças são valorizados pelas pessoas adultas, e aqui é fundamental trabalhar a consciência emocional, a escuta ativa e estratégias para melhorar a saúde mental de todos/as. Por isso, esta consciencialização deve envolver também todos/as os/as profissionais que lidam diariamente com este público alvo, para que possamos combater e prevenir a violência duma forma mais eficaz. A UMAR defende que este trabalho pode contribuir muito para mudar comportamentos e que punir, por si só, não é solução. É preciso trabalhar em rede, de forma complementar, para chegar mais longe. E as escolas, por si só, com os meios que têm, não fazem milagres."

"Só que esta prevenção aprofundada não é ainda encarada como uma necessidade pelas entidades, e é preciso fazer muito mais do que tem sido feito até agora. A UMAR tem recebido cada vez mais solicitações para intervir na prevenção da violência e não tem conseguido responder a todas por falta de recursos. Isto é um sinal de que o poder político, de decisão, tem que fazer mais, disponibilizando mais apoios e reforçando também os/as psicólogos/as escolares, porque algo está a falhar redondamente. Esperamos que finais trágicos como este possam ser evitados com mudanças de paradigmas e concretas na estratégia para combater a violência, em todas as suas formas, de raiz. Basta de querer tapar o sol com uma peneira", remata.