O presidente do Chega confirma que duas das vítimas do triplo homicídio que ocorreu em Lisboa tinham sido candidatas do partido nas eleições autárquicas. André Ventura diz não ter evidências de que o crime teve motivações políticas, mas afirma que vai enviar às autoridades todos as informações de que dispõe para que essa hipótese seja investigada.

Numa declaração aos jornalistas, esta tarde, na Assembleia da República, André Ventura abordou as notícias que davam conta de uma associação entre duas das vítimas do homicídio, Bruno Neto e a mulher, Fernanda Soares, ao Chega.

O líder do partido afirma que desconhecia o envolvimento das vítimas na atividade do partido, mas que questionou os serviços administrativos do Chega e que se confirma que o casal em causa era seu apoiante.

“[Bruno Neto] tinha sido candidato pelas listas do Chega à Assembleia Municipal de Alenquer. Os dois tinham sido candidatos e eram pessoas apoiantes do Chega”, declarou André Ventura.

“Não há evidência de motivação política”

Apesar de ressalvar que não tem “qualquer evidência” da existência de uma “motivação política” por trás dos assassinatos, André Ventura diz que tem recebido “mensagens, informações e partilhas” que apontam nesse sentido. Para prová-lo, apresentou uma imagem - cuja autenticidade não foi possível verificar – da barbearia onde se deu o homicídio, na qual teria sido feita uma referência às consequências para “quem vota no André Ventura”.

O líder do Chega anunciou, por isso, que fará estas informações chegarem à Procuradoria-Geral da República (PGR) e à Polícia Judiciária (PJ) “nas próximas horas”, para “garantir que têm toda a informação disponível para perceber as motivações deste crime e porque é que a narrativa deste homicídio se está a politizar”.

André Ventura associou ainda o caso a um crescente “número de ataques, ofensas e ameaças”, de que, afirma, o partido e ele próprio, enquanto presidente, têm sido “alvo persistente”.

Recorde-se que, no debate quinzenal com o primeiro-ministro, no Parlamento, esta quinta-feira, o líder do Chega tinha já abordado este caso, procurando associá-lo a uma comunidade étnica em particular. Luís Montenegro respondeu-lhe, na altura, que não olha para os criminosos “por etnia”.

Três pessoas foram, esta quarta-feira, mortas a tiro, numa barbearia, na zona da Penha de França, em Lisboa. O homicida encontra-se em fuga, estando em curso uma caça ao homem por parte das autoridades.