O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky frisou na noite de segunda-feira que não sabe se o ex-Presidente e candidato republicano Donald Trump vai suspender o apoio militar e económico à Ucrânia se vencer as próximas eleições nos Estados Unidos.
"Não ouvi Trump dizer que vai cancelar a ajuda e que não apoiará a Ucrânia. Diz tantas coisas. Não tenho a certeza de que Trump, se for eleito, decida não apoiar a Ucrânia", realçou o Presidente ucraniano numa conferência de imprensa com os primeiros-ministros nórdicos em Reiquiavique, após uma reunião conjunta.
Zelensky garantiu estar consciente de "todos os riscos" de uma hipotética suspensão do apoio dos EUA, embora tenha lembrado que não depende apenas da vontade do Presidente norte-americano, mas também do Congresso, e acrescentou que tem o apoio maioritário na Europa.
"Não apoiar a Ucrânia seria uma grande vitória para [o presidente russo, Vladimir] Putin e uma grande perda para o Ocidente", sustentou.
Além disso, Zelensky mostrou-se preocupado com a alegada presença de soldados norte-coreanos na Rússia, garantiu que já ali estão 3.000 e que "em breve" esse número subirá para 12.000, citando informações da inteligência ucraniana.
O chefe de Estado ucraniano criticou também a ajuda iraniana e apontou a China como "o grande problema".
"A Rússia não poderia manter uma guerra em grande escala na Europa se não fosse a ajuda da China", destacou, por sua vez, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen.
A visita a Reiquiavique enquadra-se na quarta edição da cimeira entre os países nórdicos e a Ucrânia, na qual Zelensky apresentou o seu chamado Plano de Vitória, que contou com o apoio dos chefes de governo da Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia e Islândia.
O Presidente ucraniano criticou a desinformação sobre o plano - que inclui a proposta de que a Ucrânia seja formalmente convidada a aderir à NATO, entre outras - e aqueles que o qualificam como irrealista, defendendo que a iniciativa é crucial para toda a Europa.
Zelensky apelou ainda à imposição de sanções económicas à Rússia "que realmente funcionem" e destacou a necessidade de equipar novas brigadas e reforçar a defesa aérea ucraniana antes da chegada do inverno.
Os primeiros-ministros nórdicos concordaram também em destacar a necessidade de reforçar a indústria de defesa ucraniana.
Zelensky chegou hoje a Reiquiavique e vai discursar terça-feira na capital islandesa na sessão anual do Conselho Nórdico, que se vai focar na paz e na segurança na região do Ártico.