O Moreirense ficou mais satisfeito com o resultado que conquistou na receção ao Boavista (1-0) do que com os golos que desperdiçou por culpa própria e que causaram aflição nos minutos finais. Para o Boavista, a crença não basta e ter cabeça fria é imperativo, algo que faltou a Salvador Agra, que fica ligado aos dois lances que mais prejudicaram os axadrezados.

Depois de um estudo de parte a parte nos minutos iniciais, o Moreirense, que é o mesmo que dizer Alanzinho, pegou na batuta do jogo. Apesar de ser perseguido por Abascal, o brasileiro combinava muito com Luís Asué e Cédric Teguia e estes dois quase adiantaram o Moreirense no marcador (24’), não fosse um corte formidável de Steven Vitória a impedir o golo de Asué.

Leonardo Buta ainda atirou cruzado (28’), mas ao lado da baliza de Vaclík, que nada pôde fazer aos 31’, quando Alanzinho inaugurou o marcador na cobrança irrepreensível de um penálti, apontado após um cruzamento de Buta bater no braço que Salvador Agra, que bradou aos céus com a decisão do árbitro Ricardo Baixinho.

O Boavista até reagiu bem à desvantagem, mas faltou acerto a Van Ginkel e a Diaby, no mesmo lance (39’), para empatarem. No minuto seguinte, Teguia obrigou Vaclík a realizar a defesa da noite.

Lito Vidigal tentou agitar as águas: Miguel Reisinho e Moussa Koné renderam os desinspirados Gboly Ariyibi e Ilija Vukotic ao intervalo, e aos 52’, Bozeník entrou para o lugar do médio Camará. Mas a equipa não teve tempo para se acostumar a estas mudanças, porque Salvador Agra viu o cartão vermelho direto (55’), devido a uma duríssima entrada com os pitons sobre o joelho de Leonardo Buta.

O Moreirense só se pode queixar de si mesmo por não ter marcado mais nenhum golo neste jogo. Asué e Teguia estiveram em evidência pela forma como combinaram entre si e levaram a equipa para a frente, mas faltou maior acerto a Alanzinho (65’) e, sobretudo, a Antonisse (75’) para fazerem o golo da tranquilidade.

O Boavista continua assim no último lugar do campeonato, com 15 pontos. Faltam oito jogos à equipa (um contra o Sporting e outro contra o FC Porto) para a equipa somar mais quatro vitórias que, para Lito Vidigal, dariam hipóteses à mesma de se manter na luta pela manutenção. O tempo começa a escassear...

Já o Moreirense dá um salto na tabela e isola-se no 10.º lugar, com 31 pontos. Um resultado revigorante para a equipa de Cristiano Bacci, que soube explorar as fraquezas daquela que fora a sua formação até à 20.ª jornada deste campeonato.

As notas dos jogadores do Moreirense: Kewin Silva (6); Dinis Pinto (6), Marcelo (6), Maracás (6), Leonardo Buta (6); Lawrence Ofori (6), Rúben Ismael (6); Benny (5), Alanzinho (7), Cédric Teguia (7); Luís Asué (6); Jeremy Antonisse (4), Godfried Frimpong (5), Sidnei Tavares (5), Pedro Santos (-), Joel Jorquera (-). 

As notas dos jogadores do Boavista: Tomás Vaclík (5); Rodrigo Abascal (6), Steven Vitória (5), Sidoine Fogning (4); Salvador Agra (3), Ibrahima Camará (5), Ilija Vukotiv (4), Osman Kakay (5); Marco van Ginkel (4), Abdoulay Diaby (4), Gregory Ariyibi (4); Miguel Reisinho (6), Moussa Koné (5), Robert Bozeník (5), Layvin Kurzawa (5), Seba Pérez (5) 

Cristiano Bacci

Houve um pouco de ansiedade, podíamos ter feito mais do que um golo. Eu sabia que o Boavista ia insistir até ao final e foi um jogo aberto até ao último segundo. Já temos uma rotina positiva, tinha de adicionar mais intensidade à equipa, estou contente pela disponibilidade dos jogadores, mas a equipa ainda tem margem para melhorar. Deixei muitos amigos no Boavista, não foi fácil enfrentá-los, mas temos de ser profissionais. Espero que atinjam o seu objetivo.  

Lito Vidigal

Temos perdido com penáltis... E tem havido alguma dualidade de critérios. Peço aos jogadores para não discutirem essas decisões, que estejam mais focados no jogo, mas tem sido difícil porque tem acontecido com alguma frequência. Foi uma pena, a equipa tem trabalhado muito, mas um penálti e uma expulsão limitam muito. Valorizo a entrega dos jogadores, que lutaram até ao fim, e a nossa massa adepta que nos veio apoiar outra vez. Aqui ninguém desiste.