Era a crónica de uma saída anunciada. Os resultados dos últimos meses, a instabilidade em torno do clube, o tom das conferências de imprensa, tudo tornava evidente que seria uma questão de tempo até chegar este desfecho: Luís Castro foi despedido pelo Al-Nassr.

O emblema, um dos quatro que, no país do Médio Oriente, é detido pelo fundo soberano (o conhecido PIF) saudita, anunciou a decisão através das redes sociais. Castro deixa, assim, de ser o técnico de Cristiano Ronaldo e de Otávio.

O técnico português, de 63 anos, trocou o Botafogo pelo conjunto saudita em julho de 2023. Na altura, foi uma jogada arriscada por parte do treinador, já que a equipa carioca liderava o Brasileirão com sete pontos de vantagem quando Castro rumou ao Médio Oriente.

No Al-Nassr, Luís Castro nunca correspondeu às ambições, a nível de resultado, de uma equipa que muito tem investido. Com um plantel que, neste momento, conta, além dos internacionais portugueses Cristiano Ronaldo e Otávio, com Sadio Mane — 2.º na Bola de Ouro 2022 —, Aymeric Laporte, campeão da Europa pela Espanha em Julho, Marcelo Brozovic ou Anderson Talisca, o clube de Riade foi vendo diversos objetivos escaparem-lhe das mãos, sobretudo frente ao Al-Hilal de Jorge Jesus.

Em 2023/24, o Al-Nassr ficou em 2.º na liga da Arábia Saudita, atrás do Al-Hilal, equipa que também bateu o Al-Nassr na final da Taça do Rei e nas meias-finais da Supertaça. Na Liga dos Campeões da Ásia, os homens de Luís Castro foram eliminados pelo Al-Ain, dos Emirados Árabes Unidos.

Se os resultados da passada campanha foram insatisfatórios, o cenário nas últimas semanas não melhorou. A pré-época começou logo a alimentar dúvidas, com derrotas frente a Portimonense, FC Porto, Granada e Almería e empates contra Farense e Lusitano de Évora. No arranque da época oficial, o panorama de 2023/24 repetiu-se, com o Al-Hilal a bater o Al-Nassr na Supertaça.

Nos seis jogos oficiais de 2024/25, a equipa de Luís Castro só venceu dois. O último dos 63 compromissos em que Castro orientou o Al-Nassr foi a 16 de setembro, numa igualdade (1-1) contra o Al-Shorta, no Iraque, a contar para a Liga dos Campeões da Ásia.

Depois de, nos últimos anos, o técnico ter orientado Shakhtar Donetsk, Al-Duhail ou Botafogo, a carreira de Castro não continuará a ser feita ao comando de Ronaldo e Otávio.