Um passo para a frente, outro para trás. Como o ritmo do samba, assim tem sido a relação entre Carlo Ancelotti e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A novela é longa e ainda dura. No verão de 2023, Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, chegou a confirmar o italiano como selecionador nacional do Brasil, com data de início para o verão do ano seguinte, ainda a tempo da Copa América 2024. Mas, seis meses depois, Ancelotti acabaria por renovar com o Real Madrid até 2026. Agora, e numa fase de crise de resultados de Carletto no Santiago Bernabéu, a CBF voltou à carga.

E se na terça-feira tudo parecia certo, agora a imprensa brasileira e espanhola falam de um apagão quase tão geral quanto aquele que atingiu a Península Ibérica na segunda-feira. Com o Real Madrid decidido a fechar o ciclo Ancelotti depois da eliminação da Champions e da derrota na final da Taça do Rei, o Globo Esporte diz que havia acordo verbal entre a CBF e o italiano, que caiu face às exigências do treinador de 65 anos, que procurava que o Real Madrid pagasse o último ano de contrato entre as partes. Florentino Pérez não terá ido na conversa e quer dispensar o treinador a custo zero para o clube.

Com isto, acabou novamente a dança entre Carlo Ancelotti e a seleção brasileira. Desde os anos 40 que o escrete não tem um técnico estrangeiro - o português Joreca esteve à frente do banco num par de jogos particulares em maio de 1944 - e, ao que tudo indica, não será o italiano o próximo. O diário “Marca” aponta que Ancelotti chegou mesmo a viajar para Londres na segunda-feira com o objetivo de assinar contrato com a CBF. Tal não aconteceu e na terça-feira o acordo ruiu definitivamente. Outra das razões para o fim do (longo) namoro terá sido a indisponibilidade de Ancelotti em estar no banco do Brasil já nos dois próximos jogos de qualificação para o Mundial, no início de junho, frente ao Equador e Paraguai. Com o Mundial de clubes à porta, o transalpino só o poderia fazer em agosto.

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A “Marca” fala também de outra condicionante: o surgimento de uma suposta proposta milionária, na ordem dos 50 milhões de euros limpos por ano, de uma equipa da Arábia Saudita. Tanto dinheiro que poderia convencer Ancelotti a sair do Real Madrid sem cobrar o último ano de contrato com os merengues.

O escrete no limbo

A seleção brasileira tem vivido momentos de grande instabilidade no banco desde a saída de Tite em 2022, depois de seis anos como selecionador - é dele também o último título do escrete, a Copa América de 2019. Nos últimos anos, os resultados têm sido pouco famosos. O Brasil caiu nos quartos de final nos dois últimos Mundiais e não passou também dessa fase na mais recente Copa América, no ano passado. Segue apenas no 4.º lugar do grupo de qualificação para o próximo Mundial, já com cinco derrotas e a 10 pontos da Argentina.

Dorival Júnior foi despedido no mês passado, após a humilhante derrota por 4-1 frente aos argentinos. Esteve pouco mais de um ano no cargo, sucedendo a Fernando Diniz, que começou a qualificação para o Mundial 2026, mas saiu em janeiro de 2024 devido aos maus resultados.

Fernando Diniz seria apenas um técnico de transição até à chegada de Carlo Ancelotti, em 2024. Ednaldo Rodrigues confiou no acordo verbal que tinha com Carletto, que em junho de 2023 ainda não podia assinar qualquer contrato, algo que só iria acontecer em janeiro de 2024, seis meses antes do vínculo entre Ancelotti e o Real Madrid acabar - o italiano sempre negou a existência desse acordo verbal. O treinador resolveu então renovar com o Real Madrid e, meses depois, sagrar-se-ia campeão espanhol e da Liga dos Campeões.

Agora, após uma época dececionante (apesar do Real Madrid ainda não estar afastado do título espanhol), a ideia parece passar por um novo ciclo. Xabi Alonso, campeão na temporada passada com o Bayer Leverkusen, será o favorito na capital espanhola. Já a CBF terá a mira apontada a Jorge Jesus, de acordo com o Globo Esporte.