O Presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, adotou uma posição firme contra o que considera ser um tratamento injusto por parte da mídia britânica, afirmando que foi “condenado” sem razão ao longo do seu mandato. Ben Sulayem, que assumiu a entidade que governa o desporto em dezembro de 2021, expressou as suas frustrações numa entrevista exclusiva à Autosport, destacando o que vê como uma dinâmica tendenciosa na mídia britânica em relação a certas figuras e pilotos.

Os comentários surgem na sequência de um episódio recente do podcast High-Performance, onde Adrian Newey, o lendário designer de F1 que agora se dirige para a Aston Martin, falou sobre o tratamento severo que Max Verstappen e Sebastian Vettel enfrentaram no passado. Newey classificou a abordagem da mídia como “muito injusta”, um sentimento que Ben Sulayem ecoou, utilizando a sua própria experiência como exemplo.

“Eu respeito o Max porque sou piloto. Fui campeão, e respeito vencedores e campeões,” disse Ben Sulayem. “Vejo que ele teve a sua parte [de maus tratos], mas vamos falar sobre mim. Se olharem para a mídia britânica e o que fizeram a mim… Pelo amor de Deus, eles condenaram-me.”

Ben Sulayem enfatizou que, embora não tenha sido acusado de qualquer irregularidade, a escrutínio incessante tem sido injustificado. “Eles não me acusaram [de nada], mas continuam [a fazê-lo]. E eu me importo? Não. Porquê? Porque o que é que eles querem? Eles querem vender e obter mais cobertura para si mesmos, claro que sim. Mas eles não têm poder sobre mim nem sobre a FIA.”

O presidente da FIA defendeu a sua liderança, afirmando que, apesar da forma como a mídia o retrata, o seu trabalho só melhorou devido ao escrutínio. “Com o devido respeito pela mídia britânica ou qualquer outra, eles não têm voto. Somos uma federação independente e democrática,” afirmou. “É o mundo dos membros que me elegeu. O poder está na Assembleia Geral, não com eles.”

Ben Sulayem instou a mídia a refocar no que é melhor para o desporto em vez de se entregar ao que ele chama de “absurdos.” Desafiou-os a mudar a sua atenção, dizendo: “Podemos simplesmente parar com estes absurdos e voltar ao trabalho e fazer o que é melhor para o desporto? Se puderem? Estou a perguntar. Se eles [a mídia] não quiserem fazer isso, depende deles.”

Apesar das críticas, Ben Sulayem permanece resoluto, declarando que a cobertura negativa apenas fortaleceu a sua determinação. “A vida continua. Sabem o que me fizeram? Tornaram-me mais forte. Estou mais cuidadoso agora e mais sábio,” disse, enfatizando que ainda conta com o apoio dos clubes membros.

Reforçou a natureza democrática da sua posição, deixando claro que a sua presidência não é ditada pela mídia, mas pela Assembleia Geral da FIA. “No final do dia, quem me colocou lá? Foi a Assembleia Geral, foram os membros. Estou muito, muito claro com isto. E se não gostarem, depende deles.”

Apesar das suas queixas, Ben Sulayem continua focado nas suas funções e recusa-se a interagir mais com a mídia. “Não volto a ninguém, não respondo muito a vocês [membros da mídia] e não retaliou. Porquê? Porque não tenho tempo. Estou tão ocupado a responder ao que os membros querem e ao que o desporto motorizado quer.”

A resposta de Ben Sulayem é desafiadora, sublinhando o seu compromisso em permanecer inabalável perante as narrativas da mídia enquanto continua a liderar a FIA de acordo com a visão dos seus membros, e não com os títulos.