O arranque de Bruno Lage não podia ter sido mais atribulado, com um golo sofrido logo aos 22 segundos, mas cedo se percebeu que o Benfica respirava e jogava de uma forma completamente diferente e, com o passar dos minutos, surgiu a confiança e os golos. Os encarnados acabaram a vencer justamente por 4-1 e abrilhantaram o regresso do novo comandante.
Era a estreia de Bruno Lage neste regresso ao comando técnico do Benfica e o treinador encarnado surpreendeu dando a titularidade a Rollheiser, no meio campo, ao lado de Florentino e Luís e Kokçu (4x3x3) e ainda ao reforço turco Akturkoglu, a fazer a sua estreia absoluta e logo a titular. Do outro lado, Vasco Matos, técnico do Santa Clara, apostava no seu onze base, sem mudanças face à última jornada.
Do Inferno ao Céu
A saída de Schmidt, e consequente entrada de Bruno Lage, tinha mudado drasticamente o ambiente na Luz, como bem se viu na festa antes do apito inicial, mas a verdade é que os ânimos demoraram apenas 22 segundos a acalmar. Foi esse o tempo que o Santa Clara precisou para, numa bola longa, aproveitar uma péssima abordagem de Otamendi e inaugurar o marcador, por Vinícius Lopes.
Como esperado, um golo tão madrugador influenciou o jogo. O Santa Clara defendia-se em 5x4x1 e apostava na velocidade de Gabriel Silva e Vinícius Lopes nas alas, mas o Benfica procurou reagir. As águias pressionavam alto e aproveitaram a vantagem numérica no miolo para fazer uma série de recuperações em zona adiantada. Com bola, notava-se a vontade de jogar bem e rápido, mas ainda havia alguma falta de entrosamento (natural) e dinâmicas neste novo desenho e com as novas peças, o que fez perder algumas vezes a bola de forma desnecessária.
Apesar disso, a equipa reagiu bem e foi crescendo a confiança com os minutos, galvanizada pela ligação emocional que Bruno Lage ia tentando fortalecer - puxando pelas bancadas - e pelo atrevimento de Rollheiser - médio mais vagabundo, ainda sem rotinas, mas com potencial entre linhas -, Kokçu e o estreante Akturkoglu. O empate acabou por surgir com naturalidade, aos 28', num grande passe de Kokçu para o compatriota Akturkoglu, que se estreava da melhor forma.
Quem cedo madruga...
Procurando dar à equipa uma maior capacidade de ter bola, Vasco Matos colocou Ricardinho ao intervalo, mas certamente não esperava que, desta vez, fosse o Benfica a madrugar e marcasse logo aos 48', novamente num canto - mais uma assistência do renovado Kokçu - e agora com golo de António Silva. Este golo madrugador permitiu ao Benfica acalmar qualquer possível reação que pudesse vir a surgir do outro lado e os encarnados passaram a controlar o jogo a seu bel-prazer. Aos 58', Di María, desmarcado com um grande passe longo de Bah, chapelou Gabriel Batista e intensificou esse sentimento.
Apesar disso, os bravos açorianos não foram além de alguma coragem esporádica e o Benfica ultrapassou essa pior fase. Bruno Lage aproveitou para mostrar para o que vinha e deu minutos ao reforço Amdouni, Prestianni e até ao regressado de lesão Schejelderup, também ele à procura do seu espaço. Na ponta final, o Benfica ainda deu sinais de querer chegar à mão cheia de golos - incluindo através de um atrevido Arthur Cabral -, mas acabou por ficar-se pelo 4-1.
Bruno Lage estreia-se com o pé direito e deu o primeiro passo para as pazes entre as bancadas e o clube.